sexta-feira, 24 de dezembro de 2010




Vamos amar mais, para perder menos tempo com joguinhos. Para vencer o medo, para dizer o que tiver que ser dito, mas não em outro idioma. Por favor, chega de tanto tentar salvar nossa pele. Já sabemos, ela alcançará seu fim. Salvemos, antes, nossa alma da ruína, desse excesso de gestos comedidos, do medo, da solidão, do não sentir.
Porque fugir é instintivo, e é biologicamente tão mais fácil e provável.
Ficar é escolha.
Que haja mais amor e menos covardia nas nossas escolhas.
Porque é preciso ter os gestos que reconstroem vidas.
E ser semente que germina para multiplicar.
Eternizar os instantes.
Perceber a beleza escondida, os pequenos milagres, as pequenas felicidades. Reconhecer o essencial.
Este ano espera para se fazer novo,
Há que se abraçar os sonhos, os valores, os ideais.
E ir a luta, sacro-ofício de cada dia, concretizar os sonhos, fazer o amor florecer nos gestos, viver o que se grita.
Porque há muito barulho, muitas luzes, muita embriaguês e muitas oferendas
Mas o livro da vida tem as páginas em branco e é ele que espera.
Há muito o que celebrar,
E há tanto mais por fazer.
2011 nos espera...
Vamboraaaa!


quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Bóreas

  
"E quando o nó cegar
Deixa desatar em nós
Solta a prosa presa
A luz acesa
Já se abre um sol em mim maior
[Eu sinto que sei que sou um tanto bem maior] ".

 

O Teatro Mágico - Pena




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Sou assim, variável e instável como o vento solar.
E que todo esse colorido, esse brilho difuso, que emana do meu sorriso não te engane.
É coisa que se observa nos céus noturnos próximos a zonas polares, não passa de fenômeno óptico: aurora polar, aurora boreal, aurora austral.
Aurora: Deusa romana do amanhecer.
Bóreas: Titã representante dos ventos.
É mesmo místico: são os ventos solares, e seus impactos no campo magnético da terra que a produzem.
E todas essas explosões nucleares na minha superfície, eu sei, é o meu caos originando o cosmo. Explode. Expande. Propaga toda essa luz.
Serei eu, aurorecida.

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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Estrela de Rua


"Um bom poema é aquele que
nos dá a impressão de que 
está lendo a gente,
e não a gente à ele"
Mário Quintana 





Meus caros,
Hoje vou deixá-los em ótima companhia.Tenho absoluta certeza de que esse pequeno poema vai tocá-los tanto quanto tocou a mim. Trata-se de Simone Guimarães imitando - no estilo do poema e na voz - nada mais, nada menos que Cora Coralina. Sim, sim meus queridos! Simone sabe imitar qualquer tipo de som e faz isso com maestria. Ouçam e sintam:



sexta-feira, 3 de dezembro de 2010


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Ah, silêncio latente que se torna ensurdecedor para mim. Depois de dias distante do mundo ideal, que nem de longe é este mundo real aqui, me reporto para lá como que em busca de mim mesma ou de parte de mim que fica aí ou ali, em qualquer canto, jogada, esquecida, perdida. Nem mesmo a voz que insiste em falar aqui dentro é capaz de sossegar esse meu lado meio medroso de ser. Tenho receio de muitas coisas e essas pessoas medrosas, tanto quanto eu, que insistem em atravessar meu caminho, são reflexos de um espelho quebrado meu. Vão passando, vou reconhecendo, vou sentindo e trazendo pro meu lado, pois como já disse o poeta Rilke, "o amor são duas solidões protegendo uma a outra". Majestosos fenômenos esses de reconhecer cores reais que estão no outro. Desde a aura, passando pelo enigma que há por trás de um olhar, o ruído de um sorriso ou simplesmente o calar, porque em silêncio tudo se mostra verdadeiro. É no silêncio que as fadas saem de dentro de nós e tilintam pós mágicos pelos ares, iluminando a noite escura de nossas almas, nos revelando nus e crus aos olhares curiosos e sedentos por saberem o que há por detrás das máscaras de nossa própria indulgência. É no silêncio que as cores reais de cada um tomam forma. Falamos e ouvimos com as batidas ritmadas do coração. O silêncio é o novo barulho, o silêncio é o novo poema que a vida insiste em recitar, o meu silêncio é queimação visceral. Me conduz e fala por mim. E, por isso, eu me calo.


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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

                                Capa e contracapa do novo CD Cândidos, parceria entre
                                           Simone Guimarães e Isaac Cândido.



Meus caros amigos leitores, dia desses recebi via e-mail um presente maravilhoso e seria impossível não compartilhá-lo com vocês. O presente veio de longe, lá da Cidade Maravilhosa e teve como remetente o meu novo e já muito querido amigo Tuca Zamagna, autor do ilustríssimo blog Desinformação Seletiva .

Tuca me mandou, gentilmente, um material artístico precioso de uma grande amiga dele  pela qual tenho imensa admiração: Simone Guimarães.

Paulista de Santa Rosa de Viterbo, quase na divisa com Minas. Exímia compositora, cantora e instrumentista. Desde pequena já recebia fortes influências da música mineira e também da musicalidade da família (seu pai  tocava vários instrumentos e o avô era maestro). Costuma estar cercada de grandes nomes em seus trabalhos musicais, dentre eles o mais assíduo é Milton Nascimento, que é amigo de Simone desde que ela tinha 13 anos de idade. Mas suas parcerias não param por aí, seus trabalhos já contaram com a participação de Maria Bethânia, Ivan Lins, os irmãos Dori e Danilo Caymmi, Elba Ramalho, Francis Hime e Zé Renato, entre outros. Além de Dori e Danilo, a filha de Dorival Caymmi, a exigente e impecável Nana, gravou em seu mais recente CD a bela e sofisticada "Confissão", de Antonio Carlos Begonha e  Simone Guimarães.


Ao longo desse tempo, Simone tem sido sucesso de público e de crítica.  Além de sua refinada interpretação vocal, tem um talento nato para compor músicas e letras repletas de sensibilidade e delicadezas. Seu estilo musical imprime brasilidade, enveredando pelo regional e o erudito, num flerte com o estilo moderno do Clube da Esquina. É impossível ficar imune a tanto talento e doçura reunidos numa pessoa só.


E agora em dezembro ela estará lançando seu mais novo CD (o sétimo na carreira), que se intitula "Cândidos" e que leva este nome justamente porque Simone canta somente composições do cearense Isaac Cândido, autor de melodias e harmonias sofisticadas, considerado um dos três maiores nomes da música moderna cearense. O CD contará com a participação de outros músicos cearenses, entre eles o nosso queridíssimo Fagner.

Em turnê pelo país, Simone se apresentará em algumas (privilegiadas) cidades: São Paulo, Ribeirão Preto, Brasília, Rio de Janeiro e, claro, Fortaleza, onde a cantora morou por dois anos. O show se realizará no Anfiteatro Dragão do Mar, nos dias 04/12 às 21:00 hrs e 05/12 às 20:00 hrs.

É uma oportunidade única de conferir de perto dois grandes nomes da nossa rica MPB. Fica o convite para quem gosta de boa música. Com certeza valerá a máxima que o próprio Milton Nascimento cunhou, emocionadíssimo, em uma de suas participações especias em shows de Simone: "Não tem pra ninguém. Simone Guimarães é o que de melhor escutei nos últimos anos”.



Alguém aí ousaria discordar?





P.S.
E eu não poderia deixar de mencionar que a junção desses dois Artistas geograficamente opostos mas artisticamente próximos (uma paulista e um cearense, ora mas quem diria?! ) é a mais concreta prova do reconhecimento do talento e capacidade do nosso povo e um alerta não só para certos brasileiros das outras regiões (que afirmam sermos tão ignorantes e sem cultura) como também para os estrangeiros (que ao chegarem por aqui acham que só tem mulheres rebolando o traseiro a dançar músicas apelativas) que aqui no Ceará se faz música sim, e de qualidade. E que aqui também tem grandes nomes. Com certeza não haveria momento mais propício.


Salve, Salve! Simone CÂNDIDOS e Isaac GUIMARÃES!




domingo, 21 de novembro de 2010

Nascida no Rio de Janeiro, neta do grandiosíssimo poeta, cantor e compositor Vinicius de Moraes, já razoavelmente conhecida por seu trabalho de atriz, Mariana de Moraes gravou há dez anos seu primeiro CD, A Alegria Continua, com Elton Medeiros e Zé Renato. Mas, a rigor, Se É Pecado Sambar - lançado no Brasil depois de ter sido editado nos Estados Unidos em 2001 e no Japão em 2003 - é seu primeiro trabalho solo. Já na faixa de abertura, Fotografia, o standard de Tom Jobim, dá para sentir que se trata de cantora afinada, mas de timbre quase trivial. Mariana dribla a voz comum com inusitada seleção de sambas. Se a faixa-título, de Manoel Sant'Ana, é samba um pouco conhecido, o mesmo não se pode dizer das pérolas Meu Samba meu Lamento (Maurício Carrilho e Paulo César Pinheiro), Pra Fugir da Saudade (Paulinho da Viola e Elton Medeiros) e Deus no Céu, Ela na Terra (Wilson Batista e Marino Pinto).
Mariana é salva pelo repertório.

Gravado em abril de 2000, com produção econômica e eficaz de Guilherme Vergueiro, o álbum tem clima cool. Dentro dessa linha intimista, Mariana transita até por dois temas jazzísticos, I Fall in Love Too Easily e There Will Be Another You, ambos registrados por Chet Baker. Curiosamente, ela brilha mais quando arrisca uma leitura mais densa para Medo de Amar (música de seu avô) e para Fim de Sonho, parceria de João Donato e João Carlos Pádua. Fica uma boa impressão. Apesar de não ser dona de uma voz incomum, tem um quê de suavidade, de sensualidade e uma boa interpretação. Definitivamente, Mariana não cometeu o pecado da obviedade. E com certeza faz jus àquele velho jargão de que talento não se adquire, não se compra, ele já nasce com você, está no DNA.

Com vocês, Mariana de Moraes interpretando Fotografia do nosso incomparável e inesquecível Tom Jobim.



sexta-feira, 19 de novembro de 2010





Meus caros, esses dias descobri o porquê do mundo ser redondo. Ele é mesmo. Ando com uma sensação boba..., até alegre, igual àquela de rodar quando criança só pra ficar zonza. Uma tonteira deliciosa! Prefiro essa roda ao poço sem fundo da ignorância imposta. E Nietzsche com aquela conversa de que "é preciso estar preparado para se queimar na própria chama", é toda verdade pra mim. Aprendi a andar em cima de uma bola gigante. Não foi fácil, anos de tentativas, conselhos e quedas, muitas. Seria isso equilíbrio? E o que seria então o equilíbrio senão a busca desenfreada de se viver girando? Em cima da bola, vestida de xita debaixo do céu azul. 
Movimento.


Me despeço agora, porque a bola em meus pés não pára de girar .

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

 




Flor de azeviche, como foi pra você se perder assim de mim e fazer das tuas pétalas, todas, mal-me-quer?

domingo, 7 de novembro de 2010

Mas alguma coisa dizia que me esperavas e mesmo que eu não tivesse certeza eu corria, indo ao teu encontro - ou desencontro, para que de imediato pudesse olhar nos teus olhos e pensar e sentir aquelas tantas coisas boas, devo dizer, sentimentos, que florescem em mim em cada olhar meu dado como se teu rosto fosse o céu e meus olhos fossem estrelas, quero dizer, em ti e por ti os meus olhos sempre brilham e.

E então eu apressava os meus passos que vezenquando se perdiam entre meus pensamentos que falavam coisas como: e se eu não chegar a tempo? Eu tenho tanta, mais tanta coisa para dizer, fazendo com que eu seguisse com ainda mais sede, ainda mais pressa, ainda mais centrada no que eu iria fazer, mesmo que eu não fizesse nada, porque o plano era não ter plano algum, deixar ser, ser o gosto de paixão invadindo a tua boca no mesmo instante em que a minha mão encontraria abrigo na tua nuca e os meus dedos adentrariam em teu cabelo, e ser, também, ou, quem sabe, as palavras mais doces que após serem tomadas pelos teus ouvidos, ficariam dentro de ti num plano fixo, eternizado, para que, na minha ausência, ainda ouvisses no presente tão conveniente um sinto tua falta mesmo que em mim não deixas de pulsar nem por um segundo, e em seguida ririas e até responderias qualquer coisa bonita que fizesse crescer a tal reciprocidade, que.

Que uniu essa minha vontade com a tua, de ir mais fundo nisso que sabemos que talvez não tenha saída e se tiver é qualquer beco perdido que eu sei que não me levará a lugar algum sem ti, então quando chegar ao teu encontro, pega na minha mão? deixa que eu falo vem comigo, ou podemos falar juntos, assim, com a tua boca um milímetro distante da minha, teus olhos fechados encostados nos meus, e vem, vem comigo, nesse silêncio que se faz tão bonito após as palavras serem ditas porque.

Porque sabes que o silêncio também é necessário, digo, esse silêncio que só cala a boca, só, e deixa falando a mente a alma o coração pulsante, que sentes pulsar quando colocas a tua mão em meu peito e eu sinto no teu toque um cuidado como se eu fosse uma flor que acabara de florescer e então eu passo os meus dedos-pétalas pelo teu rosto e te acaricio e.

E te marco em mim inevitavelmente quando percebo que tens em ti tudo o que eu preciso, não por extrema necessidade de necessitar a coisa inteira viva para que eu continue viva também, mas sim por sentir que dentro de ti tem algo certo para matar a minha sede de sentimentos cada vez mais intensos, sede infinda por tudo o que tens desde a essência até o palpável que me faz crer que a minha vontade de beber da tua água é insaciável, e se torna assim por tudo o que tu és: o meu querer que me faz te querer quanto mais te tenho, então.

Então é por isso que eu corro, é por isso que eu penso e quero e vivo e vejo e sinto e me apaixono quando eu vejo que o momento exato é esse que acontece após os meus passos largos, meus pensamentos, que é a minha chegada, e depois a tua mão na minha, o teu céu com estrelas, tua boca entreaberta sorrindo na minha ao me dar um beijo, e o momento exato é esse, é o agora, é tudo o que se iniciou e chegou depois da minha descoberta de ti, e te.

Te peço: não me deixes.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010


metade de mim rasga afoita
o embrulho
e a outra metade é o
futuro de saber o segredo
que enrola o laço,
é observar o desenho
do invólucro
e compará-lo
com a calma da alma
o seu conteúdo.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O preconceito anda de mãos dadas com a ignorância.

Sim, meus caros amigos leitores! Quem me conhece sabe que injustiças e preconceitos são algo que me tiram do sério. E hoje, nas minhas andanças pelo mundo virtual, um fato me chamou atenção e como tudo que me chama atenção não poderia ficar de fora desse blog. Muitos de vocês ja devem saber do ocorrido mas para os mais desavisados eu irei fazer um breve resumo: Mayara Petruso, paulistana, estudante ou graduada em Direito (isso não ficou realmente claro), depois da vitória petista de ontem, resolve se indignar da maneira mais insensata que alguém pode fazer: atacando os Nordestinos.Taxando-nos de burros e pregando a nossa morte para quem quisesse ler , em várias redes sociais. Todos nós sabemos que a internet é uma poderosa ferramenta de comunicação em massa. E tudo que pusermos nela deve ser antes de tudo, analisado, ponderado com o máximo de cuidado. Com certeza a nossa cara Mayara não estava pensando nisso quando publicou suas "infelizes" palavras.
E como a parte que me toca (e toca muito), por ser nordestina também (e ter muito orgulho em ser) , não poderia me calar diante disso. E Não devemos nunca calar. Calar é uma forma de aceitação e não devemos jamais aceitar isso. Preconceito é crime e deve ser denunciado e punido como tal.

Muitos foram os comentários de pessoas revoltadas com a atitude da moça. E em um desses comentários, uma pessoa dizia que ela fazia parte da" minoria intelectualizada, esclarecida" . Será mesmo? Será que pessoas verdadeiramente intelectuais e esclarecidas teriam atitudes tão medíocres? teriam mentes tão pequenas para fazer tais afirmações? Aposto que não. Ok. Nos deram a tal "Liberdade de Expressão" mas algumas pessoas fazem mau uso dela. Simplesmente não sabem o que estão dizendo e querem descontar todo o seu ódio em coisas sem sentido. Logo a insensatez não está nenhum pouco associada ao intelectualismo e ao esclarecimento.

Se desejamos mudanças no mundo, no país, na sociedade que essas mudanças comecem a acontecer a partir de nós mesmos. A partir de nosso modo de pensar, de agir, de enxergar o mundo, não com olhos de quem vê mas com olhos de quem sente. Com certeza essa lição a senhorita Petruso já aprendeu.

E se ela reclamava esbravejante dos direitos que deram à nós nordestinos de exercermos a nossa cidadania (tal como ela e todos os brasileiros) através do voto. Eu por outro lado, deixo aqui o meu muito obrigada a quem deu o direito à ela de assinar a sua própria sentença: a de uma pessoa completamente preconceituosa, alienada, medíocre, ignorante e ultrapassada. E ainda ganha, de quebra, uma (má) fama. Se era isso que ela queria, ela conseguiu. E com seus próprios méritos.


Até que ponto chegamos...

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Dos Saberes...

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É nela que mora o desafio. Dentro. Num lindo lugar onde guarda todas as coisas bonitas da vida. Aprende todo dia que a felicidade acende sua luz quando a alma vibra numa frequencia macia pra acordar o riso. O tempo ensina que existe um terreno pantanoso também. Habitado por Gentes com fome de brilho do olhar e leveza de alma... Mas acreditar é uma palavra que ela gosta. Porque é simples, porque se importa com o que faz a vida cantar. E isso pode não importar a mais ninguém, mas não tem importância alguma. Porque ela gosta de rabiscar folhas por todo lado acreditando que isso tem algum significado. E tem. Sempre tem. Aprende que o egoísmo do Outro fala alto quando abafa a voz do amor de dentro. Talvez porque é venenoso, corrosivo. Mas esse mal, vai ter que engolir sozinho. Porque ela tem sua melhor aula com ela mesma: Que algumas coisas só se aprende com o tempo e que só com o tempo é que a gente começa a aprender.

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domingo, 24 de outubro de 2010

Cartola - O Mestre




U
ma viagem pelo morro da mangueira nos anos 30, no ensaio da escola, todos bem vestidos, nos "trinques". As pastorinhas cantando, sambando, rodando. Um cheiro de boemia no ar. A união de toda a comunidade num dia festivo.
Transformar todo esse sentimento em formas é o grande desafio.

Quem tem Cartola na mão, já sabe que tem MPB de black tie e tudo, vestida a Rigor, elegante e perfeita.

“Sinta minha obra. Faço samba, música para você guardar dentro de si eternamente, no seu coração e não apenas na sua coleção de discos” , Já dizia o Mestre. E ele conseguiu.







sexta-feira, 22 de outubro de 2010

E como diria o meu Caio:






"Só preciso de alguns abraços queridos, A companhia suave, bate-papos que me façam sorrir, algum nível de embriaguez e a sincronicidade...''








E tenho dito.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Dos Desejos...



Que todo mundo tenha um amor quentinho. Descanso pro complicado do mundo. Surpresa pra rotina dos dias. A quem esperar. De quem sentir saudades. Um nome entre todos. O verso mais bonito. A música que não se esquece. O par pra toda dança. Por quem acordar. Com quem sonhar antes de dormir. Uma mão pra segurar, um ombro pra deitar, um abraço pra morar. Um tema pra toda história. Uma certeza pra toda dúvida. Janela acesa em noite escura. Cais onde aportar. Bonança, depois da tempestade. Uma vida costurada na sua, com o fio compriiiiido do tempo.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Caio F.







"Eu sei o que você pensa quando olha pra mim. Talvez se eu fosse mais comportada, falasse mais baixo e não chamasse tanta atenção. Talvez se eu bebesse um pouco menos, te desse menos trabalho e não fosse tão do agora. Talvez se eu não tivesse chegado tão perto, nem te tocado tão fundo, nem sido tão eu... talvez haveria alguma possibilidade."



[...]

domingo, 3 de outubro de 2010

...


Eu sei que às vezes é quase irresistível não dar trela àquela voz traiçoeira, nossa velha conhecida, que nos incita a desistir dos nossos sonhos com ares de quem propõe a coisa mais bacana do mundo. Não nos esparramarmos, doídos pra caramba e também com algum conforto, na autopiedade, essa areia movediça ávida por engolir nosso lume.

Eu sei que às vezes é quase irresistível não desdobrar a lista de decepções que mantemos atualizada com zelo de colecionador para nunca nos faltar matéria-prima pra lamúria. Não relembrar sem economia de minúcias cada frustração vivida com o olhar amarrado e a tristeza viçosa que só fazem aumentar a dor da vez.

Eu sei que às vezes é quase irresistível não eleger um algoz e acentuar um pouquinho mais as nossas feições sofridas para as novas poses do nosso álbum de vítima. Não nos responsabilizarmos pela parcela de participação que nos cabe em boa parte das encrencas em que nos metemos, e que, se olharmos com olhos lúcidos, de preferência também lúdicos, às vezes nem é tão pequena como é mais fácil acreditar.

Eu sei que às vezes é quase irresistível não ficar morando na dor como se dor fosse casa de veraneio. Não arriscar um passo fora do terreno da nossa desesperança porque sentimos que nos sobra cansaço e nos faltam pernas. Eu sei que às vezes é quase irresistível. Eu sei que às vezes a gente não consegue mesmo resistir. E sei que quando não resistimos, está tudo bem: esse lugar também passa.

De apelo a apelo, vamos caindo e levantando ao longo da estrada, apurando o coração para tornar muito mais irresistível o nosso amor paciente e generoso por nós mesmos. Para desdobrar com maior frequência, na memória, a lista que conta as conquistas todas de que já fomos capazes, nós que tantas vezes parecemos tentar desmentir as nossas pérolas.

De apelo a apelo, vamos caindo e levantando ao longo da estrada, apurando o coração para fazer valer, na prática, o nosso respeito à oportunidade inestimável de estarmos aqui. A nossa intenção de não desperdiçar esse ouro que é o tempo, essa maravilha que é o corpo, essa graça que é a vida. Essa que, se olharmos com olhos lúcidos, de preferência também lúdicos, sempre inventa maneiras para se vestir de convite irrecusável de novo.



sexta-feira, 1 de outubro de 2010









Ah, se eu pudesse abrir a cabeça, tirar tudo para fora e arrumar direitinho como quem arruma uma gaveta...
















Pensamentos: melhor não tê-los.




segunda-feira, 27 de setembro de 2010

...





Nunca, jamais diga o que sente. Por mais que doa, por mais que te faça feliz. Quando sentir algo muito forte, peça um drink.





...

segunda-feira, 13 de setembro de 2010



Não preciso de muito na vida para me sentir plena, mas de uma coisa tenho certeza: quero tudo intenso. Tudo agora. Tudo pra já. Minha vida já está acontecendo e eu não tenho mais tempo a perder com sorrisos amarelos. Com abraços frouxos. Com bocas aleatórias. Com noites sem dias seguintes. Com pessoas que não se dão. Quero viver tudo intensamente. Até a última gota. Correr o risco. Me atirar. E sentir o coração bater forte. Sair pela boca. Me engolir. Ter aquela sensação de não estar cabendo dentro do próprio corpo. Quero ser arrebatada. Por favor, me desconserte, me pertube, tire o chão debaixo dos meus pés. Me faça sentir. Me toque lá no fundo da alma, me comova, me desafie. Quero não conseguir dormir a noite. Acordar com olheiras e me sentir linda mesmo assim. Quero rir de mim mesma. Rir sozinha no meio da rua. Sair descabelada. Quero andar cantando. E fazer poesia em dia de chuva. Quero pensar em vidas compartilhadas, em ligação no meio do dia, em surpresas, em beijos intermináveis, em fazer outra cópia para minha chave. Quero reclamar da toalha molhada em cima da cama, do futebol na tv ou aqueles joguinhos eletronicos irritantes. Quero toda a rotina à que tenho direito. Quero poder voltar a acreditar em tudo novamente. Quero um dia. Uma hora. Um minuto. Desde que seja de verdade.

sábado, 11 de setembro de 2010


Eu nunca vou entender porque você é exatamente o que eu quero, eu sou exatamente o que você quer, mas as nossas exatidões não funcionam numa conta de mais.
Negrito

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Eu nunca fui uma mulher comedida.
Pudera, nunca tive vocação pra alegria tímida, pra paixão sem orgasmos múltiplos ou pro amor mal resolvido sem soluços.
Eu quero da vida o que ela tem de cru e de belo. Não estou aqui para que gostem de mim. Estou aqui para aprender a gostar de cada detalhe que tenho. E para seduzir somente o que me acrescenta.


Adoro a poesia e gosto de descascá-la até a fratura exposta da palavra. A palavra é meu inferno e minha paz. "Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que me deixa exausta".Ah, Clarice! você sempre soube. Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo. Sei chorar toda encolhida abraçando as pernas.


Por isso, não me venha com meios-termos, com mais ou menos ou qualquer coisa. Venha a mim com corpo, alma, vísceras e falta de ar… Eu acredito é em suspiros, mãos massageando o peito ofegante de saudades intermináveis, em alegrias explosivas, em olhares faiscantes, em sorrisos com os olhos, em abraços apertados.


Acredito em coisas sinceramente compartilhadas. Em gente que fala olhando no olho, no tom de voz, ou no conteúdo. Eu acredito em profundidades. E tenho medo de altura, mas não evito meus abismos. São eles que me dão a dimensão do que sou.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010


Um brinde ao acaso, ao destino. Um brinde ao que deu certo, ao que não deu em nada. Um brinde ao caminho [in]certo, à pessoa errada. Um brinde à tudo que acontece, um brinde ao que nunca vai acontecer. Tudo que mudou, e a tudo que nunca vai mudar!



Tim Tim!

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Uma carne exposta para que ele acaricie. É assim que sinto quando, meticulosamente, ele me despe de todas as peles e me toma por todas as raízes e nervos. Vamos construir um palácio, ele diz, vamos mudar pra Veneza, vamos rir pelas ruas, dormir embriagados. Vou te arrancar todas as dermes, todas as noites, vou te despir das máscaras, vou te deixar como és, ele diz. Faremos baderna em igrejas, gritaremos palavrões da janela, levaremos os cachorros da rua pro nosso apartamento. Vou lhe fazer um filho e uma tela expressionista. Ele diz.


Eu ainda não entendi se é loucura ou arrebatamento. Meus pés no chinelo suam, não consigo correr sem cair e ele me alcança, me retoma aos beijos. Ele me mantém no laço ardido do amor e ódio, do bem e do mal. Esse amor é filho da guerra, eu digo, somos inimigos. Ele ri, toma calmamente outro gole, me pega pelo braço e me arrasta até o quarto mais próximo. Ali entendo como sou sempre o país mais fraco. Terrorista, eu grito. Ele me lambe todos os vãos, me morde as sobras, me engole. Nossa febre é vida, meu amor, ele sussurra me arrancando a orelha.


Fadigamos alguns minutos, abraçados. Levantamos e saímos rindo pela rua, chutando pedrinhas e falando obscenidades para que as velhotas de portão nos escutem.




Ser feliz é isso.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Não sei se já falei aqui da minha predileção por piano. Do toque suave e do requinte que este pode conferir a qualquer música. Estes dois intérpretes têm lugar cativo na lista dos "mais mais" da nossa rica MPB. César Camargo , para mim, é um dos melhores pianistas do Brasil e porquê não dizer do mundo. E Juntamente com a voz incomparável de Pedro, que é filho de Elis e irmão da minha musa Maria Rita, não poderia ser diferente. Por isso, meus caros, deixo-vos aqui a mais pura prova de que talento não se conquista, ele já nasce com você. Tá no DNA. Ou tem ou não tem. Fato.

Um SALVE à Pedro Mariano e César Camargo Mariano. Pai e filho, sintonia e delicadeza incontestáveis. Interpretação da música "Tem Dó" dos nossos inesquecíveis Vinícius de Moraes e Baden Powell.



segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O que tinha de ser...



Porque foste na vida
a última esperança
encontrar-te me fez criança
Porque já eras meu
sem eu saber sequer
Porque és o meu homem
e eu a tua mulher

Porque tu me chegaste
sem me dizer que vinhas
E tuas mãos foram minhas com calma
Porque foste em minh'alma
como um amanhecer
Porque foste o que tinha de ser.

sábado, 31 de julho de 2010

...










Por que só a beira e nunca o abismo?


Por que apenas o equilíbrio e nunca a queda?


Há quanto tempo você não sangra?














Por que deixar-se cortar, às vezes, faz um bem enorme!

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Irrealidade...

Vem e vai

Vai e vem

Como uma onda

Longe do corpo

Perto do coração

Desejo louco de te encontrar

Ânsia bruta de me esconder

de você

Porque se te encontrar

Corro o risco de me perder

em você

alucinadamente

completamente

vorazmente




para sempre









Negrito
E para sempre, meu amor, é expectativa irreal.



segunda-feira, 26 de julho de 2010

Uns Versos...

Sou sua noite, sou seu quarto
Se você quiser dormir
Eu me despeço
Eu em pedaços
Como um silêncio ao contrário
Enquanto espero
Escrevo uns versos
Depois rasgo

Sou seu fado, sou seu bardo
Se você quiser ouvir
O seu eunuco, o seu soprano
Um seu arauto
Eu sou o sol da sua noite em claro,
Um rádio
Eu sou pelo avesso sua pele
O seu casaco

Se você vai sair
O seu asfalto
Se você vai sair
Eu chovo
Sobre o seu cabelo pelo seu itinerário
Sou eu o seu paradeiro
Em uns versos que eu escrevo
Depois rasgo











*Para quem quiser conferir o vídeo clica aqui.

quarta-feira, 21 de julho de 2010


Resolvi que o melhor,
definitivamente,
Remover formatação da  seleçãofoi me livrar de tudo aquilo que
não me fazia bem e que me causava asco.

Inicialmente,
comecei me livrando das amizades medíocres,
dos falsos amigos,
das pessoas interesseiras e
de todos aqueles que
sempre teimavam em me colocar para baixo.

Depois,
fui me livrando das paixões instáveis
e dos falsos amores;
passei a deixar de lado a utopia de querer
amar sempre e de ser amada.
Larguei as âncoras,
abandonei castelos e
fiz novos desenhos de vida.

Com o tempo percebi que tudo isso
era pura somatória favorável;
percebi que a atitude que muitos denominavam
egoísmo nada mais é que amor próprio;
aquele amor que poucos têm coragem de assumir.

Mas, percebi que não preciso necessariamente estar com alguém
para estar feliz e que, principalmente,
felicidade é um estado de espírito que
precisa ser renovado todos os dias.

Hoje sou feliz e mantenho-me equilibrada
entre tudo o que é bom e que me faz bem.
O resto fiz página virada e
queimei da minha vida,
fiz virar cinzas e espalhei pelo mundo.

quinta-feira, 15 de julho de 2010




"Tenho um amor fresco e com gosto de chuva e raios e urgências. Tenho um amor que me veio pronto, assim, água que caiu de repente, nuvem que não passa, me escorrem desejos pelo rosto pelo corpo. Um amor susto. um amor raio trovão fazendo barulho. me bagunça. e chove em mim todos os dias."





Caio F.

terça-feira, 6 de julho de 2010

O meu grande lance de SORTE



Quando eu fui com você naquele parque e ficamos sentados lado a lado na grama sem nada dizer eu senti aqueles segundos de paz infinita tão raros e preciosos. Nós há tempos já passamos daquele estágio onde a falta das palavras torna-se um constrangimento, o silêncio ali, pelo contrário, denotava simplesmente cumplicidade plena.
Quando minhas costas se cansaram da mesma posição e escorei meu corpo sobre o seu e você me envolveu em seus braços, eu senti vontade de ficar ali pra sempre, protegida do mundo, protegida das inquietações, protegida da maldade alheia...
Gosto tanto da sua presença, da sua companhia, de estar onde estamos, de sermos "uma equipe" como você costuma brincar...
É tão confortante essa certeza que estou no melhor caminho que poderia estar, é tão surreal essa sensação de completude que você me desperta.

Eu guardei o trevo de 4 folhas que me deste dizendo que era para me trazer sorte...só esqueci de te dizer, que ter você na minha vida, é a sorte maior com que eu poderia ser contemplada.

sábado, 3 de julho de 2010

'Toda noite de insônia
Eu penso em te escrever
Pra dizer
Que o teu silêncio me agride
E não me agrada ser
Um calendário do ano passado
Prá dizer que teu crime me cansa
E não compensa entrar na dança
Depois que a música parou

Toda noite de insônia
Eu penso em te escrever
Escrever uma carta definitiva
Que não dê alternativa
Prá quem lê
Te chamar de carta fora do baralho
Descartar, embaralhar você
E fazer você voltar

Ao tempo em que nada
Nos dividia
Havia motivo pra tudo
E tudo era motivo pra mais
Era perfeita simetria
Éramos duas metades iguais...'







Momento nostalgia Mode: [ON]

terça-feira, 29 de junho de 2010

Eu só sei escrever de dentro pra fora...não tenho pretensão em fazer rimas, versos simétricos e nem ao menos com a aplicação impecável da gramática.
Escrevo para externizar as múltiplas facetas dessa alma agitada que carrego comigo.
Escrevo para permitir que se derrame esse amor infinito que transborda dentro de mim.
Escrevo para aliviar dores e exorcizar fantasmas.
Escrevo para eternizar minhas idéias e emoções a fim de que elas continuem vivendo, mesmo quando as situações já tenham passado, os sentimentos enterrados.
Escrevo para libertar todas as palavras acorrentadas que ecoam em minhas entranhas.
Escrevo para organizar minhas confusões internas, suavizar meus traços bruscos e para declarar de maneira mais fluente aquilo que eu não saberia dizer.
Escrevo pois essa é minha terapia mais eficaz, é o hobby que maior prazer me dá, é o refúgio onde gosto de me esconder quando o mundo me cansa.
Escrevo para procurar algum sentido em meio às minhas tortas linhas.
E seria hipócrita se dissesse que ao publicar um texto não tenho pretensão nenhuma em agradar a quem lê. Apesar das razões aqui relatadas estarem totalmente à frente da busca por aplausos, não posso negar que a satisfação é muito mais plena quando minhas palavras de alguma forma, conseguem tocar o coração de alguém.

quinta-feira, 17 de junho de 2010


Recria tua vida, sempre sempre.
Remove pedras, planta roseiras e faz doces.
Recomeça.

[Cora Coralina]

terça-feira, 15 de junho de 2010

Para um Homem com o Sol no sorriso

...



Eu preciso te dizer obrigada, por você simplesmente fazer com que eu me sinta como o guerreiro que depois de tantas batalhas encontra seu merecido descanso.
Longe da agitação das avenidas e labirintos que tantas vezes me vi perdida.
Longe daquela falta de sentir e dos fantasmas que resistiam às minhas tantas tentativas de exorcizão.
Como se alguém finalmente me retirasse da corda bamba e me permistisse andar de novo em linha reta por estradas seguras.
Porque é delicioso viver impulsiva e arriscadamente, mas a longo prazo a lucidez e a segurança começam a pedir espaço.
E tudo o que eu mais queria era alguém que trouxesse de volta leveza para os meus dias.
Algúem com a alma branca e o sol no sorriso.
Assim... exatamente assim, como você.

domingo, 13 de junho de 2010

Pistas



Em vez de tropeçar nas pedras, você bem que poderia entender que elas são pistas.

Deixadas sobre o chão.








O
caminho até aqui.

sábado, 12 de junho de 2010

do meu sorriso que hoje é só teu.

Sobre a mesa de centro em madeira escura eu servia nosso chá naquela madrugada fria de Porto Alegre. Um tapete grande de algodão na cor marfim iluminava o chão sob nossos pés. Uma música que por mil anos não vou esquecer tocava baixo, vinda lá do quarto. Ele sentado na minha frente traduzia a forma mais espontânea de um sentimento tão bom por mim que me tirava o ar. A fumaça que subia das xícaras quentes se fazia bonita no ar da sala, iluminada apenas pela luz do abajur. Isso dava um ar de antigo ao olhar dele, tão intenso. Pensei que todo aquele cenário compunha uma bela foto. Porém, não havia imagem alguma que tivesse chance de tentar traduzir tudo que estava em cada átomo daquela sala, naquele segundo. Naquela noite. Naquela nossa eternidade com hora marcada pra acabar. Mas naqueles olhares não se tratava de passado ou futuro. Era presente na mais pura tradução da palavra. Em meio ás minhas orações de agradecimento por tudo aquilo ele interrompeu o silêncio entre nós e começou a falar um texto antigo, que falava de paixões, de destinos e de lugares distantes. Me olhando nos olhos, se levantou com olhar fixo nos meus. Dançou comigo pela sala enquanto cada palavra ganhava sua entonação num ritmo de amor inventado naquele minuto. E quando a música imaginária acabou e ele se curvou na minha frente em forma de agradecimento eu tinha o sorriso mais feliz da minha vida no quadro moldado que era meu rosto. E se o relógio quisesse parar, teria que ser exatamente nessa hora, quando ele me abraçou, olhou na minha alma, dizendo que nunca mais ia me deixar ir embora da vida dele, do coração dele , do lado dele. Nunca mais.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

'O dia mente a cor da noite
E o diamante a cor dos olhos
Os olhos mentem dia e noite a dor da gente'




Enquanto houver você do outro lado
Aqui do outro eu consigo me orientar
A cena repete a cena se inverte
Enchendo a minh'alma d'aquilo que outrora eu deixei de acreditar

Tua palavra, tua história
Tua verdade fazendo escola
E tua ausência fazendo silêncio em todo lugar

Metade de mim
Agora é assim
De um lado a poesia, o verbo, a saudade
Do outro a luta, a força e a coragem pra chegar no fim
E o fim é belo incerto... depende de como você vê
O novo, o credo, a que você deposita em você e só

Só enquanto eu respirar
Vou me lembrar de você
Só enquanto eu respirar



O anjo mais velho [O Teatro Mágico]



Definitivamente, essa é uma das músicas que mais gosto do TM... Letra e música. Tudo perfeito!

fica o link aqui pra quem quer conferir o vídeo da música!


Bjo bjo Bjo

segunda-feira, 31 de maio de 2010



Murmúrio de água na clepsidra gotejante,
Lentas gotas de som no relógio da torre,
Fio de areia na ampulheta vigilante,
Leve sombra azulando a pedra do quadrante,
Assim se escoa a hora, assim se vive e morre...
Homem, que fazes tu? Para quê tanta lida,
Tão doidas ambições, tanto ódio e tanta ameaça?
Procuremos somente a Beleza, que a vida
É um punhado infantil de areia ressequida,
Um som de água ou de bronze e uma sombra que passa..."


Eugénio de Castro














Ando cada vez mais encantada com ele!

sexta-feira, 28 de maio de 2010




Voa,
deixa-te ir!
Não há limites para o amor.
Não há regras para viver.
Sente com prazer.
Nada no teu rio de emoções.
Banha-te na cachoeira sem medos.
Ouve o canto dos passarinhos pela manhã.
Ouve o riso das estrelas antes de dormir.
Adormece no aconchego das nuvens.
Desperta com o cumprimento do sol.
Deixa-te voar nas tuas asas.
Voa,
deixa-te ir!

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Apprivoiser





"[...]-Qu'est-ce que signifie 'apprivoiser'?



-C'est une chose trop oubliée, dit le renard. Ça signifie 'Créer des liens…'
-Créer des liens?
-Bien sûr, dit le renard. Tu n'es encore pour moi qu'un petit garçon tout semblable à cent mille petits garçons. Et je n'ai pas besoin de toi. Et tu n'a pas besoin de moi non plus. Je ne suis pour toi qu'un renard semblable à cent mille renards. Mais, si tu m'apprivoises, nous aurons besoin l'un de l'autre. Tu seras pour moi unique au monde. Je serai pour toi unique au monde…
-Je commence à comprendre, dit le petit prince. Il y a une fleur… je crois qu'elle m'a apprivoisé…
[...]

-Ma vie est monotone. Je chasse les poules, les hommes me chassent. Toutes les poules se ressemblent, et tous les hommes se ressemblent. Je m'ennuie donc un peu. Mais si tu m'apprivoises, ma vie sera comme ensoleillée. Je connaîtrai un bruit de pas qui sera différent de tous les autres. Les autres pas me font rentrer sous terre. Le tien m'appelera hors du terrier, comme une musique. Et puis regarde! Tu vois, là-bas, les champs de blé? Je ne mange pas de pain. Le blé pour moi est inutile. Les champs de blé ne me rappellent rien. Et ça, c'est triste! Mais tu a des cheveux couleur d'or. Alors ce sera merveilleux quand tu m'aura apprivoisé! Le blé, qui est doré, me fera souvenir de toi. Et j'aimerai le bruit du vent dans le blé…


[...]


-Adieu, dit le renard. Voici mon secret. Il est très simple : on ne voit bien qu'avec le coeur. L'essentiel est invisible pour les yeux.
-L'essentiel est invisible pour les yeux, répéta le petit prince, afin de se souvenir.
-C'est le temps que tu a perdu pour ta rose qui fait ta rose si importante.
-C'est le temps que j'ai perdu pour ma rose… fit le petit prince, afin de se souvenir.
-Les hommes on oublié cette vérité, dit le renard. Mais tu ne dois pas l'oublier. Tu deviens responsable pour toujours de ce que tu as apprivoisé. Tu es responsable de ta rose…
-Je suis responsable de ma rose… répéta le petit prince, afin de se souvenir."


Le Petit Prince -
Saint-Exupéry




Já perdi as contas de quantas vezes li "Pequeno Príncipe" e em todas elas me encanto cada vez mais. Esses são trechos do Capítulo XXI em que ele dialoga com uma raposa e em que está a famosíssima frase: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas". Sei que algumas pessoas não entendem nada de francês mas não resisti e transcrevi do original. Mas deixo aqui um link da tradução completa do capítulo referido a quem possa interessar.

Com certeza uma ótima oportunidade para refletirmos.

Abraços

=)

domingo, 23 de maio de 2010




Não quero viver como uma planta que engasga e não diz a sua flor. Como um pássaro que mantém os pés atados a um visgo imaginário. Como um texto que tece centenas de parágrafos sem dar o recado pretendido. Que eu saiba fazer os meus sonhos frutificarem a sua música. Que eu não me especialize em desculpas que me desviem dos meus prazeres. Que eu consiga derreter as grades de cera que me afastam da minha vontade. Que a cada manhã, ao acordar, eu desperte um pouco mais para o que verdadeiramente me interessa. Não quero olhar para trás, lá na frente, e descobrir quilômetros de terreno baldio que eu não soube cultivar. Calhamaços de páginas em branco à espera de uma história que se parecesse comigo. Não quero perceber que, embora desejasse grande, amei pequeno. Que deixei escapulir as oportunidades capazes de bordar mais alegrias na minha vida. Que me atolei na areia movediça do tédio. Que a quantidade de energia desperdiçada com tantas tolices poderia ter sido útil para levar luz a algumas sombras, a começar pelas minhas. Que eu saiba as minhas asas, ainda que com medo. Que, ainda que com medo, eu avance. Que eu não me encabule jamais por sentir ternura. Que eu me enamore com a pureza das almas que vivem cada encontro com os tons mais contentes da sua caixa de lápis de cor. Que o Deus que brinca em mim convide para brincar o Deus que mora nas pessoas. Que eu tenha delicadeza para acolher aqueles que entrarem na roda e sabedoria para abençoar aqueles que dela se retirarem. Que, durante a viagem, eu possa saborear paisagens já contempladas com olhos admirados de quem se encanta pela primeira vez. Que, diante de cada beleza, o meu olhar inaugure detalhes, ângulos, leituras, que passaram despercebidos no olhar anterior. Que eu me conceda a benção de ter olhos que não se fechem ao espetáculo precioso da natureza, há milênios em cartaz, com ou sem platéia. Quero aprender a ser cada vez mais maleável comigo e com os outros. Desapertar a rigidez. Rir mais vezes a partir do coração. Quero ter cuidado para não soltar a minha mão da mão da generosidade, durante o percurso. E, quando soltá-la, pelas distrações causadas pelo egoísmo, quero ter a atenção para sincronizar o meu passo com o dela de novo. Quero ser respeitosa com as limitações alheias e me recordar mais vezes o quanto é trabalhoso amadurecer. Quero aprender a converter toda a energia disponível às mudanças que me são necessárias, em vez de empregá-la no julgamento das outras pessoas. Que as dificuldades que eu experimentar ao longo da jornada não me roubem a capacidade de encanto. A coragem para me aproximar, um pouquinho mais a cada dia, da realização de cada sonho que me move. A idéia de que a minha vida possa somar no mundo, de alguma forma. A intenção de não morrer como uma planta que engasgou e não disse a sua flor.

quinta-feira, 20 de maio de 2010


"...Pergunto-me se Shakespeare pensava a mesma coisa – disse eu – quando escreveu: “o mundo inteiro é um teatro”?
O velhote suspirou
- É realmente um teatro, conforme o modo como o consideremos. A vida é realmente um drama; um drama sem muitas chamadas à cena e sem aplausos no fim! -acrescentou sonhadoramente - Passamos metade da nossa vida a lastimar as coisas que fizemos na outra metade!
- E o segredo para usufruí-las - continuou, retomando o tom alegre - é a intensidade."

Lewis Carroll



























Oh sim, Mr. Carroll! penso que tens toda razão!

;)

domingo, 16 de maio de 2010

sábado, 15 de maio de 2010

Conta pra mim de onde a gente se conhece. De onde vem a sensação de que sempre esteve aqui, quando eu sei que não estava. Conta por que nada do que diz sobre você me parece novidade, como se eu estivesse lá, nos lugares que relembra, quando eu sei que não estive. Conta onde nasce essa familiaridade toda com os seus olhos. Onde nasce a facilidade para ouvir a música de cada um dos seus sorrisos. Onde nasce essa compreensão das coisas que revela quando cala. Conta de onde vem a intuição da sua existência tanto tempo antes de nos encontrarmos.

Conta pra mim de onde a gente se conhece. De onde vem o sentimento de que a sua história, absolutamente nova, é como um livro que releio aos poucos e, ao longo das páginas, apenas recordo trechos que esqueci. Conta de onde vem a sensação de que nos conhecemos muito mais do que imaginamos. De que ouvimos muito além do que dizemos. De que as palavras, às vezes, são até desnecessárias. Conta de onde vem essa vontade que parece tão antiga de que os pássaros cantem perto da sua janela quando cada manhã acorda. De onde vem essa prece que repito a cada noite, como se a fizesse desde sempre, para que todo dia seu possa dormir em paz.

Conta pra mim de onde a gente se conhece. De onde vem essa repentina admiração tão perene. De onde vem o sentimento de que nossas almas dialogavam muito antes dos nossos olhos se tocarem. Conta por que tudo o que é precioso no seu mundo me parece que já era também no meu. De onde vem esse bem-querer assim tão fácil, assim tão fluido, assim tão puro. Conta de onde vem essa certeza de que, de alguma maneira, a minha vida e a sua seguirão próximas, como eu sinto que nunca deixaram de estar.

Conta pra mim por que, por mais que a gente viva, o amor nos surpreende tanto toda vez que vem à tona.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

A música de cada um.


Há no coração de cada um de nós, por essência, uma música que é somente nossa, inigualável, intransferível. Por várias razões, conhecidas ou não, às vezes aprendemos desde muito cedo a diminuir, gradativamente, o seu volume e a inventar ruídos que nada tem a ver com ela para nos relacionarmos com nós mesmos e com os outros. Até que chega um tempo em que desaprendemos a entrar no nosso próprio coração para ouvi-la e, porque não passeamos mais nele, porque não a ouvimos mais, não é raro esquecermos completamente que ela existe. Mas, como toda ignorância, toda indiferença, toda confusão, não são capazes de apagar a beleza original dessa partitura impressa na alma, ela continua tocando, ainda que de forma imperceptível. Continua tocando, à espera do dia em que, de novo ou pela primeira vez, possamos aumentar o seu volume, trazê-la à tona, compartilhá-la. Continua tocando, e alguns são capazes de ouvi-la mesmo quando não conseguimos.

Todo encontro genuíno de amor é também o encontro de duas pessoas que conseguem ouvir a música uma da outra e sentir alegria e descanso com aquilo que ouvem. Conseguem ouvir, não importa quantos ruídos tenham inventado pelo caminho, tantas vezes para se proteger da dor afastando a vida.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Os balões e os amores


Eu adorava balões de gás quando era criança. Lembrando disso, aparentemente por acaso, tantos balões depois, recordo com um sentimento muito nítido o prazer macio que experimentava cada vez que ganhava um. Ficava toda prosa. Virava um pé de riso. Andava de um canto para o outro com a pontinha do dedo amarrada ao pedaço de linha que permitia que o levasse comigo e impedia que se afastasse de mim. Aquele fio era a ponte que possibilitava o nosso encontro. O recurso que me garantia que, enquanto eu o mantivesse próximo, o balão permaneceria no mesmo metro quadrado onde o meu encanto existia.

A verdade é que, apesar de tanto zelo e de geralmente, por medida de segurança, chegar a asfixiar a ponta do dedo com tantas voltas de linha, poucos foram aqueles que cumpriram o destino previsto para os balões: estourar de repente ou esvaziar devagarinho até se transformar num pedaço de borracha triste, que em nada se assemelha ao formato anterior. Na maioria das vezes, a linha se soltava da minha mão por algum descuido e eu assistia o balão voar para longe, cada vez mais longe, cada vez mais longe, cada vez mais longe ainda do meu alcance.

Eu ficava lá, coração marejado, pé de riso sem flor, acompanhando aquele voo permeado de susto e de vento. Olhar estático, vida suspensa, experimentava a impotência de flagrar o afastamento do objeto amado sem poder fazer absolutamente nada que pudesse, naquele trecho dos ponteiros, alterar o itinerário que a surpresa desenhara. Os adultos me confortavam. Prometiam outros balões, que eu sabia que viriam. Costumavam vir. Mas aquele, aquele lá, que já voava distante, pequenino ponto já sem cor definida no céu, aquele não voltaria mais. Era por aquele que a tristeza virava chuva em meu rosto. Por aquele, cujo fio da linha não consegui manter comigo. Por aquele que despertara os risos que ainda ecoavam em mim.

Depois que virei gente grande, descobri, com uma certa lucidez embaraçosa, que alguns amores se afastam do nosso alcance igualzinho ao que acontecia com aqueles balões que vi se distanciarem cada vez mais, cada vez mais, cada vez mais. No início, a gente caminha todo prosa, um pé de vida florido, pontinha do sonho amarrada ao pedaço de linha que se chama esperança. Planos de jardim com girassóis, filho contente, cachorro, horta, rede na varanda, e aquela mão segurando a nossa, estrada afora. De repente, começa a ventar o vento que tira os sonhos do lugar, que faz o fio da linha se desprender do dedo, que recolhe a ponte e deixa o abismo. Um vento soprado pela desatenção, o descuido letal para os balões e os amores.

Há um momento sem sol em que a gente percebe que o amor anoiteceu. O coração enxovalhado, ferido, está exaurido pela aflição de tanto esticar-se para tentar alcançar o fio da linha que se soltou e amarrá-lo de novo na pontinha dos sonhos. No fundo, ele sabe que não o alcançará: voa longe demais da possibilidade de alcance. Se ainda insiste, buscando impulso para pulos cansados, é porque aquele amor, exatamente aquele, ainda é tudo o que ele mais deseja. Porque não sabe onde colocará as mãos, o encanto, o olhar, depois daquele instante. Porque não lhe importa que outro amor venha ao seu encontro. É aquele, aquele lá, que ainda o descompassa.

Vida marejada, nó apertado na garganta das coisas, chega finalmente o momento em que desejamos apenas o sossego que costuma vir com a aceitação. Coragem, às vezes, é desapego. É parar de se esticar, em vão, para trazer a linha de volta. É permitir que voe sem que nos leve junto. É aceitar que a esperança há muito se desprendeu do sonho. É aceitar doer inteiro até florir de novo. É abençoar o amor, aquele lá, que a gente não alcança mais.

quarta-feira, 12 de maio de 2010


"Certo dia um homem resolveu ir ao barbeiro. Enquanto tinha seus cabelos cortados conversava com aquele profissional. Falava da vida e de Deus. Daí a um pouco, o barbeiro incrédulo não agüentou e falou:

- Deixa disso, meu caro... Deus não existe!

- Por que não? perguntou o cliente.

- Ora, se Deus existisse não haveria tantos doentes, mendigos, pobres, etc..., olhe em volta e veja quanta tristeza. É só andar pelas ruas e enxergar!

- Bem, esta é a sua maneira de pensar, não é?


- Sim, claro! O freguês pagou o corte e foi saindo, quando avistou imediatamente um mendigo imundo, com longos e feios cabelos, barba desgrenhada, suja, abaixo do pescoço. Não agüentou, deu meia volta, levou o maltrapilho até a barbearia e interpelou o barbeiro:

- Sabe de uma coisa? Não acredito em barbeiros!

- Como?! Perguntou atônito o barbeiro que vez olhava para o freguês, vez olhava para o mendigo.

- Veja bem, se existissem barbeiros, não haveria pessoas de cabelos e barbas compridas! - Ora, replicou prontamente o barbeiro, existem tais pessoas porque evidentemente elas não vêm a mim!

- Agora você me respondeu porque existe tanta tristeza em torno de nós."



Um pouco mais de FÉ é o que precisamos. Todos querem as bençãos vindas dos céus, concedida pelo criador. Mas ninguém quer buscá-lo. Deus nos deu esse livre arbítrio. Essa liberdade de querer buscá-lo, de acreditar e entregar nossa vida a ele. Se queremos um mundo melhor precisamos ter mais DEUS em nossas vidas. ACREDITAR mais, ORAR mais. Lembre-se sempre desta passagem da Bíblia:" E, tudo o que pedirdes na oração, crendo, o recebereis. " Mateus 21:22

Que DEUS esteja sempre com vocês.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Rir


Porque esse talvez seja o único remédio quando ameaça doer demais: invente uma boa abobrinha e ria, feito louco, feito idiota, ria até que o que parece trágico perca o sentido e fique tão ridículo que só sobra mesmo a vontade de dar uma boa gargalhada.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Variável Enlouquecida










O amor mais bonito é uma conta errada, uma exceção que confirma a regra, aquela coisa para a qual você havia utilizado a palavra nunca. O que eu tenho a ver com o seu passado, eu sou uma variável enlouquecida da sua vida. Não posso convencê-lo. O amor não é sabedoria, é loucura.








sábado, 8 de maio de 2010







Palavras para quê? Música linda! linda! ainda mais na voz de Djavan!



Somente "os loucos" que se entregam, que se doam, que rasgam o coração são capazes de compreender a grandiosidade dessa música!

...

quinta-feira, 6 de maio de 2010

E o resto?

"Tem o certo, tem o errado e tem todo o resto."
Cazuza



Certo e errado são convenções que confirmam-se com meia dúzia de atitudes.
Certo é ser gentil, respeitar os mais velhos, seguir uma dieta balanceada, dormir oito horas por dia, lembrar dos aniversários, trabalhar, estudar, casar e ter filhos, certo é morrer bem velho e com o dever cumprido. Errado é dar calote, rodar de ano, beber demais, fumar, se drogar, não programar um futuro decente, dar saltos sem rede. Todo mundo de acordo??
Todo mundo teoricamente de acordo, porém a vida não é feita de teorias. E o resto? E tudo aquilo que a gente mal consegue verbalizar, de tão intenso? Desejos, impulsos, fantasias, emoções. Ora, meia dúzia de normas preestabelecidas não dão conta do recado. Impossível enquadrar o que lateja, o que arde, o que grita dentro de nós.
Somos maduros e ao mesmo tempo infantis, por trás do nosso autocontrole há um desespero infernal. Possuímos uma criatividade insuspeitada, inventamos músicas, amores e problemas e somos curiosos, queremos espiar pela fechadura do mundo para descobrir o que não nos contaram. Todo o resto.
O amor é certo, o ódio é errado e o resto é uma montanha de outros sentimentos, uma solidão gigantesca, muita confusão, desassossego, saudades cortantes, necessidade de afeto e urgências sexuais que não se adaptam às regras do bom comportamento. Há bilhetes guardados no fundo das gavetas que contariam outra versão da nossa historia, caso viessem a público. Todo o resto é o que nos assombra: as escolhas não feitas, os beijos não dados, as decisões não tomadas, os mandamentos que não obedecemos, ou que obedecemos bem demais – a troco de que fomos tão bonzinhos? Há o certo, o errado e aquilo que nos dá medo, que nos atrai, que nos sufoca, que nos entorpece. O certo é ser magro, bonito, rico e educado. O errado é ser gordo, feio, pobre e analfabeto, e o resto nada tem a ver com estes reducionismos, e nossa fome por idéias novas, e nosso rosto que se transforma com o tempo, e nossas cicatrizes de estimação, nossos erros e desilusões.
Todo o resto é muito vasto. E nossa porra-louquice, nossa ausência de certezas, nossos silêncios inquisidores, a pureza e inocência que nos mantem vivos dentro de nós mas que ninguém percebe, só porque crescemos. A maturidade é um álibi frágil. Seguimos com uma alma de criança que finge saber direitinho tudo o que deve ser feito, mas que no fundo entende muito pouco sobre as engrenagens do mundo. Todo o resto é tudo aquilo que ninguém aplaude e ninguém vaia, porque ninguém vê.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

O que sobrou.

Fotos tremidas. poemas sem rima. papéis amassados. amores não ditos. rabiscos mal feitos. páginas de livros. rascunhos rasgados. projetos falidos. postal desbotado. letra de música. envelope lacrado. carta não lida. lágrimas secas. sentimentos fechados. gaveta trancada. chave perdida.



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