sábado, 12 de junho de 2010

do meu sorriso que hoje é só teu.

Sobre a mesa de centro em madeira escura eu servia nosso chá naquela madrugada fria de Porto Alegre. Um tapete grande de algodão na cor marfim iluminava o chão sob nossos pés. Uma música que por mil anos não vou esquecer tocava baixo, vinda lá do quarto. Ele sentado na minha frente traduzia a forma mais espontânea de um sentimento tão bom por mim que me tirava o ar. A fumaça que subia das xícaras quentes se fazia bonita no ar da sala, iluminada apenas pela luz do abajur. Isso dava um ar de antigo ao olhar dele, tão intenso. Pensei que todo aquele cenário compunha uma bela foto. Porém, não havia imagem alguma que tivesse chance de tentar traduzir tudo que estava em cada átomo daquela sala, naquele segundo. Naquela noite. Naquela nossa eternidade com hora marcada pra acabar. Mas naqueles olhares não se tratava de passado ou futuro. Era presente na mais pura tradução da palavra. Em meio ás minhas orações de agradecimento por tudo aquilo ele interrompeu o silêncio entre nós e começou a falar um texto antigo, que falava de paixões, de destinos e de lugares distantes. Me olhando nos olhos, se levantou com olhar fixo nos meus. Dançou comigo pela sala enquanto cada palavra ganhava sua entonação num ritmo de amor inventado naquele minuto. E quando a música imaginária acabou e ele se curvou na minha frente em forma de agradecimento eu tinha o sorriso mais feliz da minha vida no quadro moldado que era meu rosto. E se o relógio quisesse parar, teria que ser exatamente nessa hora, quando ele me abraçou, olhou na minha alma, dizendo que nunca mais ia me deixar ir embora da vida dele, do coração dele , do lado dele. Nunca mais.

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