terça-feira, 30 de março de 2010

Deixo, então, que Clarice fale por mim:



'...Amanheci em cólera. Não, não, o mundo não me agrada. A maioria das pessoas estão mortas e não sabem, ou estão vivas com charlatanismo. E o amor, em vez de dar, exige. E quem gosta de nós quer que sejamos alguma coisa de que eles precisam. Mentir dá remorso. E não mentir é um dom que o mundo não merece.' (...)

sábado, 27 de março de 2010

...



Você é minha cor preferida, é a leveza das minhas horas, a companhia perfeita, a pessoa que enxerga todos os meus defeitos com os olhos generosos do amor.
Você é meu melhor amigo, meu refúgio, meu abrigo, meu protetor... é a luz que se derrama em meu dia quando chega o fim da tarde.
Você é o fim da busca, a paz infinita, o dono absoluto do meu amor mais bonito.
Você é a pessoa que jogou um balde de água fria na minha auto-suficiência e me fez compreender que a vida pode ser incrivelmente deliciosa quando partilhada.
E por tudo isso e mais um milhão de coisas, eu gostaria de escrever para você as palavras mais lindas, os versos mais apaixonados, gostaria de te oferecer todas as canções de amor, de te cobrir dos beijos mais doces, de te encher de sorrisos e abraços...No entanto, por mais que eu tente, por mais que eu faça, eu jamais saberei te agradecer o suficiente por estar aqui.


I love you more than words can say!

quarta-feira, 24 de março de 2010

É que já não dá mais pra disfarçar. fugir. mentir pro coração. E cada vez mais me convenço que , na vida, é preciso acontecer algo bem ruim para que outro melhor aconteça. E quando se pensa que já não tem mais saída. Eis a luz no fim do túnel te avisando que não é bem assim. Que surpresas inesperadas ou mais que esperadas acontecem e te fazem flutuar. Pensar em cafés-na-cama, beijos demorados, declarações susurradas ao pé do ouvido, cumplicidade, passar a vida inteira junto até envelhecer e se achar numa tarde de domingo tomando chá e falando de tudo que vivenciamos e sentimos ainda pulsando dentro do peito. Ah! como você me faz bem. Me faz sentir viva. cheia de graça. encantada cada segundo que passa. "você é o fim e até o fim". sei disso. sempre soube. e você chega sem avisar, sem pedir licença, sem se incomodar com a reviravolta que irá fazer na minha vida. me deixa de cabeça pra baixo, me faz pensar em loucuras o dia todo, em cada mensagem, em cada palavra escancarada, em cada entrega. você é a medida certa. tudo que eu preciso. tudo que eu quero. tudo que eu penso. tudo que eu desejo. tudo que me faz acreditar no amor. que me faz ser menina de novo. Sigo assim. encantada. coração em festa. puro carnaval dentro de mim.






'...Vem, vem, vem, vem
Vem sentir o calor dos lábios meus a procura dos teus
Vem matar essa paixão que me devora o coração
E só assim então
serei feliz
Bem feliz.'

Pixinguinha

segunda-feira, 22 de março de 2010

"Milágrimas"

... Na voz de Anna Toledo. Nem preciso dizer que apaixonei! tanks darling! =*



Em caso de dor, ponha gelo
Mude o corte do cabelo
Mude como modelo
Vá ao cinema, dê um sorriso
Ainda que amarelo
Esqueça seu cotovelo
Se amargo for já ter sido
Troque já este vestido
Troque o padrão do tecido
Saia do sério, deixe os critérios
Siga todos os sentidos
Faça fazer sentido
A cada milágrimas sai um milagre
Em caso de tristeza vire a mesa
Coma só a sobremesa
Coma somente a cereja
Jogue para cima, faça cena
Cante as rimas de um poema
Sofra apenas, viva apenas
Sendo só fissura, ou loucura
Quem sabe casando cura
Ninguém sabe o que procura
Faça uma novena, reze um terço
Caia fora do contexto, invente seu endereço
A cada milágrimas sai um milagre
Mas se apesar de banal
Chorar for inevitável
Sinta o gosto do sal
Sinta o gosto do sal
Gota a gota, uma a uma
Duas, três, dez, cem mil lágrimas, sinta o milagre
A cada milágrimas sai um milagre!


http://www.youtube.com/watch?v=SUP2nEM6yYQ&feature=related



domingo, 21 de março de 2010

Pra VOCÊ eu digo SIM!

e mais nenhuma palavra.



























Felizes para sempre?

;)

sexta-feira, 19 de março de 2010

Amo-te quanto em largo, alto e profundo
Minh'alma alcança quando, transportada,
Sente, alongando os olhos deste mundo,
Os fins do Ser; a Graça entressonhada.

Amo-te em cada dia, hora e segundo:
À luz do sol, na noite sossegada.
E é tão pura a paixão de que me inundo
Quanto o pudor dos que não pedem nada.

Amo-te com o doer das velhas penas;
Com sorrisos, com lágrimas de prece,
E a fé da minha infância, ingênua e forte.

Amo-te até nas coisas mais pequenas.
Por toda a vida. E, assim Deus o quisesse,
Ainda mais te amarei depois da morte.

(Tradução de Manuel Bandeira)

Elizabeth Barrett Browning

.
.
.

P.S.1 Ando tão mulherzinha, ultimamente...

P.S.2 Um dos meus poemas preferidos e não posso deixar de dizer que eu A-D-O-R-O o "Barrett"... Tinha que ser né? =D

P.S.3 Sim, post todo em vermelho... cor da paixão! ;)

P.S4 Já chega de P.S. ... ufaaa!


Beijos, pessoas!

quinta-feira, 18 de março de 2010

Entre o antes e o depois

Precisamos de estímulos. Dos mais variados. Não precisamos de mega produções, de efeitos cinematográficos, de luzes de espetáculo circense. Mas o estímulo precisa estar lá, escondido atrás dos detalhes de uma palavra ou escrachado numa frase que ilumina o rosto. Porque senão a vida amorna. E o morno é enfadonho, em cima do muro, quase caindo pra mediocridade.

Há quem desconheça isso. E o encantamento vislumbra outras paragens, destinos que estimulem os cinco sentidos. Ou então, o encantamento desencanta. Desaparece sem deixar rastros, some sem aviso prévio, sem deixar o novo endereço ou telefone.

O difícil da conquista é o que fazer com ela depois.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Amor-amuleto

Abraços macios, bancos, conversas sem fim, olhares mudos que escancaravam a alma, meios sorrisos, mãos sobre mãos, cabeça no ombro, olhar estrelas, relembrar o passado, a gargalhada dela, a maneira como só ele sabia olhar e que a deixava nervosa, o cheiro que ele tinha e que já era dela também, o jeito de flor que descobriu nela, e o céu que fotografava os instantes montando um álbum de fotografias eternas de um sentimento que o universo compartilhava.

De vez em quando, enquanto ela se distraia com a lua, ele a observava, imerso em seus devaneios. E só então entendia, com certa perfeição de quem sente, o que o Pequeno Príncipe uma vez dissera:

"Se alguém ama uma flor da qual só existe um exemplar em milhões e milhões de estrelas, isso basta para que seja feliz quando a contempla."

Era contentamento. A precisão como seus sonhos se cruzavam durante todos os segundos, e o bem tratar dele para com ela como sendo a mais preciosa de seu jardim, evidenciava a inocência e leveza que carregava consigo.

- Sabe quando a gente é criança e começa a descobrir o mundo?

Ela lembrava.

- A gente se espanta... Fica observando extasiado e se encanta a cada instante.

E nessa hora, a alma dela se tornava pueril e suave. A meninice brincava outra vez naqueles olhos castanhos, e chegava ao encontro dele.

- É assim que me sinto ao te olhar. Você é engraçada. É minha descoberta de todos os dias. Meu mundo de essências.

Bastavam um ao outro. Apaixonavam-se por palavras. Ela mais.

- Você vem?
- Contigo, sempre.

E ainda que vago, a estrada não importava. A certeza da companhia lhes proporcionava coragens infindas.

- Escolhe o destino, e me espera.

Se uniam por sentimentos gêmeos e intangíveis. A cada pedaço que ela o possibilitava conhecer, a cada mistério que ele se permitia desvendar.
Já fui de esconder o que sentia, e sofri com isso.

Hoje não escondo nada do que sinto e penso e, às vezes também
sofro com isso, mas ao menos não compactuo mais com um tipo de silêncio
nocivo: o silêncio que tortura o outro, que confunde, o silêncio a fim de
manter o poder num relacionamento.

Assisti ao filme "Mentiras sinceras" com uma pontinha dedecepção - os comentários haviam sido ótimos,
porém a contenção inglesa do filme me irritou um pouco - mas, nos momentos finais, uma cena
aparentemente simples redimiu minha frustração.

Embaixo de um guarda-chuva, numa noite fria e molhada, um homem
diz para uma mulher o que ela sempre precisou ouvir. E eu pensei:
como é fácil libertar uma pessoa de seus fantasmas e, libertando-a, abrir uma
possibilidade de tê-la de volta, mais inteira.

Falar o que se sente é considerado uma fraqueza. Ao sermos
absolutamente sinceros, a vulnerabilidade se instala. Perde-se o
mistério que nos veste tão bem, ficamos nus. E não é este tipo de nudez que nos atrai.

Se a verdade pode parecer perturbadora para quem fala, é extremamente
libertadora para quem ouve. É como se uma mão gigantesca
varresse num segundo todas as nossas dúvidas. Finalmente se sabe.

Mas sabe-se o quê? O que todos nós, no fundo, queremos saber: se somos
amados.

Tão banal, não?

E no entanto esta banalidade é fomentadora das maiores
carências, de traumas que nos aleijam, nos paralisam e nos afastam das pessoas que nos
são mais caras. Por que a dificuldade de dizer para alguém o quanto ele é
- ou foi - importante? Dizer não como recurso de sedução, mas como um ato de
generosidade, dizer sem esperar nada em troca. Dizer, simplesmente.

A maioria das relações - entre amantes, entre pais e filhos, e
mesmo entre amigos - ampara-se em mentiras parciais e verdades pela metade.
Podem-se passar anos ao lado de alguém falando coisas inteligentíssimas,
citando poemas, esbanjando presença de espírito, sem alcançar a
delicadeza de uma declaração genuína e libertadora: dar ao outro uma certeza e,
com a certeza, a liberdade. Parece que só conseguiremos manter as pessoas ao
nosso lado se elas não souberem tudo. Ou, ao menos, se não souberem o
essencial. E assim, através da manipulação, a relação passa a ficar doentia,
inquieta, frágil.

Em vez de uma vida a dois, passa-se a ter uma sobrevida a dois.

Deixar o outro inseguro é uma maneira de prendê-lo a nós - e
este "a nós" inspira um providencial duplo sentido. Mesmo que ele tente se
libertar,estará amarrado aos pontos de interrogação que
colecionou. Somos sádicos e avaros ao economizar nossos "eu te perdôo", "eu te compreendo",
"eu te aceito como és" e o nosso mais profundo "eu te amo" - não o -eu
te amo- dito às pressas no final de uma ligação telefônica, por força do
hábito, e sim o -eu te amo- que significa: "seja feliz da maneira que você
escolher, meu sentimento permanecerá o mesmo".

Libertar uma pessoa pode levar menos de um minuto. Oprimi-la é
trabalho para uma vida.
Mais que as mentiras, o silêncio é que é a verdadeira
arma letal das relações humanas.

Martha Medeiros

terça-feira, 16 de março de 2010

Pássaro

...



e, então, não há mais lugares para pousos. condenada a bater as asas para sempre, morro porque, agora, só se cultivam espinhos em todos os jardins.



...

segunda-feira, 15 de março de 2010

Enivrez-vous!

'Il faut être toujours ivre. Tout est là: c'est l'unique question. Pour ne pas sentir l'horrible fardeau du Temps qui brise vos épaules et vous penche vers la terre, il faut vous enivrer sans trêve.

Mais de quoi? De vin, de poésie, de vertu, à votre guise. Mais enivrez-vous.

Et si quelquefois, sur les marches d'un palais, sur l'herbe verte d'un fossé, dans la solitude morne de votre chambre, vous réveillez, l'ivresse déjà diminuée ou disparue, demandez au vent, à la vague, à l'étoile, à l'oiseau, à l'horloge, à tout ce qui fuit, à tout ce qui gémit, à tout ce qui roule, à tout ce qui chante, à tout ce qui parle, demandez quelle heure il est; et le vent, la vague, l'étoile, l'oiseau, l'horloge, vous répondront: "Il est l'heure de s'enivrer!" Pour n'être pas les esclaves martyrisés du Temps, enivrez-vous; enivrez-vous sans cesse! De vin, de poésie ou de vertu, à votre guise.'


Charles Baudelaire in Les petits poèmes en prose.

...

Um dos meus trechos preferidos de Charles. Não poderia deixar de posta-lo. E claro que não vou deixa-los "boiando" com o Francês, hã? ;p Aí vai a tradução de tão sábias palavras:



Embriagai-vos

É preciso estar-se sempre embriagado. Tudo está aí: é a única questão .Para não se sentir o horrível fardo do Tempo que parte os vossos ombros e vos curva em direção à terra, deveis vos embriagar sem trégua.

Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, como quiserdes. Mas embriagai-vos.

E se às vezes, sobre os degraus de um palácio, sobre a relva verde de uma vala, na solidão isolada do vosso quarto, vós acordardes, e a embriaguez já diminuída ou desaparecida, perguntai ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que passa, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai que horas são; e o vento, a onda, a estrela, o pássaro, o relógio, vos responderão: “São horas de vos embriagar!" Para não serdes escravos martirizados do Tempo, embriagai-vos, embriagai-vos sem cessar! De vinho, de poesia ou de virtude: como quiserdes.
E já dizia Nietzsche:


'Odeio quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeira companhia.'





Pois é, odeio!


¬¬

sábado, 13 de março de 2010

E eis que o Camelo canta suavemente aos meus ouvidos, me deixando claro que não tenho saída:




'... Pois eu, eu só penso em você
Já não sei mais porque
Em ti eu consigo encontrar
Um caminho, um motivo, um lugar
Pra eu poder repousar meu amor.' (...)

sexta-feira, 12 de março de 2010

Ninguém nunca descreveu tão bem a saudade como ele!



'Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...

Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...

Saudade é sentir que existe o que não existe mais...

Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...

Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.

E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.

O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido. '


Pablo Neruda

Conversa Franca

É sempre assim. Você me coloca de frente com o inesperado e... eu tenho que 'me virar' pra lidar com ele.
Simplesmente vai jogando situações e mais situações em que eu tenho que ficar me desdobrando em 20, me reinventando.Negando até onde eu puder, mentindo pra mim que não sinto nada, nunca senti. Que foi apenas um acontecimento normal, corriqueiro. Que não significou nada. Que é isso mesmo, que era assim que tinha que ser e eu, sempre passiva, tenho que aceitar. Olha eu tenho que te dizer, vida, que eu cansei! cansei de verdade. Se for pra você me aprontar mais alguma, por favor, leve em conta esse meu coração cansado e causado de amar errado, cheio de marcas e poços. Cansei de enganos, de amores mal vividos, de situações mal resolvidas, de coração partido, de noites desvairadas, de drinks e mais drinks pra esquecer a dor, de ligações e mais ligações pros amigos pra "desabafar" e encher o saco deles o dia inteiro com minhas histórias com finais in-felizes. Olha aqui vida! Você não brinque comigo! Você já me fez fazer muitas coisas das quais me arrependo amargamente, você já me confundiu o bastante! agora CHEGA! Não , não. Não me venha com esse papo furado de que é pra eu aprender... aprender o que? aprender a me enganar cada vez mais? aprender a reconstruir minha vida cada vez que você resolve colocar situações que não desejo? aprender a colar os caquinhos do meu coração cada vez q ele se quebra em mil pedaços? Ah não! cansei de fazer isso... agora eu quero certezas, agora eu quero os sim's, agora eu quero a verdade, agora quero tudo que é meu de direito. Sim porque algum direito eu devo ter. Eu quero que sejamos honestas uma com a outra. Quero que joguemos limpo. Quero que você entenda que não é bem por aí por esse caminho que eu tenho que ir pra obter o que você quer. Não custa nada dá uma forcinha ao destino. Ah, vida! Não sejas tão madrasta comigo. Não sejas tão leviana. Não me faças crer em algo quando esse algo não existe. Não me faça desconstruir pessoas, não me faça reconstruir a mim mesma pela 93847589 vez. Isso não é justo, sabia? O que eu tenho tentado fazer esse tempo todo é ser honesta comigo mesma e com o que eu sinto. Mas como ser honesta com sentimentos falsos? Responde! Vês? ainda há muitas interrogações e zero respostas. Pois bem, vida! Eu quero as respostas. Todas elas. Agora! Sem essa de meias verdades, de máscaras, de enfeites, de encanto. Eu quero as respostas nuas e cruas. É só isso que quero. Acho que mereço isso. Por tudo que já me causaste. Estás em dívida comigo e chegou a hora de paga-la. Seja boazinha ao menos uma vez e compreenda que eu sou apenas um ser humano que ainda acredita no amor genuíno, na felicidade e em finais felizes.





'...Já li tudo,cara, já tentei macrobiótica psicanálise
drogas
acumputura suicídio ioga dança natação
cooper astrologia patins marxismo candomblé
boate gay ecologia,
sobrou só esse nó no peito,
agora faço o quê?'


Os sobreviventes, Caio Fernando Abreu

quinta-feira, 11 de março de 2010

Das Verdades que às vezes não queremos enxergar...

" (...) Olhe para todos ao seu redor e veja o que temos feito de nós e a isso considerado vitória nossa de cada dia. Não temos amado, acima de todas as coisas. Não temos aceitado o que não se entende porque não queremos passar por tolos. Temos amontoado coisas e seguranças por não nos termos um ao outro. Não temos nenhuma alegria que não tenha sido catalogada. Temos construído catedrais, e ficado do lado de fora pois as catedrais que nós mesmos construímos, tememos que sejam armadilhas. Não nos temos entregue a nós mesmos, pois isso seria o começo de uma vida larga e nós a tememos.

Temos evitado cair de joelhos diante do primeiro de nós que por amor diga: tens medo. Temos organizado associações e clubes sorridentes onde se serve com ou sem soda. Temos procurado nos salvar mas sem usar a palavra salvação para não nos envergonharmos de ser inocentes. Não temos usado a palavra amor para não termos de reconhecer a sua contextura de ódio, de amor, de ciúme e de tantos outros contraditórios. Temos mantido em segredo a nossa morte para tornar a nossa vida possível. Muitos de nós fazem arte por não saber como é a outra coisa. Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença, sabendo que nossa indiferença é angústia disfarçada. Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior e por isso nunca falamos no que realmente importa. Falar no que realmente importa é considerado uma gaffe.
Não temos adorado por termos a sensata mesquinhez de nos lembrarmos a tempo dos falsos deuses. Não temos sido puros e ingénuos para não rirmos de nós mesmos e para que no fim do dia possamos dizer "pelo menos não fui tolo" e assim não ficarmos perplexos antes de apagar a luz. Temos sorrido em público do que não sorriríamos quando ficássemos sozinhos. Temos chamado de fraqueza a nossa candura. Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo. E a tudo isso consideramos a vitória nossa de cada dia."

"Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres" - Clarice Lispector.


Ai, Clarice! Você tem sempre razão... :s

terça-feira, 9 de março de 2010

Dança

Não foi de repente. eu fui matando um por um, aos poucos. a cada dia. devagar. por isso, não estranho o salão vazio. as mesas, com arranjos de plástico, rodeadas por cadeiras desocupadas. as velas, intocadas, fazendo poças de cera sobre as toalhas. por isso, não estranho a orquestra de vinil tocando apenas pra que eu ouça. não estranho o eco feito pelos meus sapatos. dois pra direita. um pra esquerda. dois. um. eu danço sem par por ter matado todos os que tive. não espero convidados por ter eliminado um por um. aos poucos. eu hoje festejo minha estupidez. seguro uma taça no lugar da pedra que sempre carreguei. faço um brinde à minha impaciência. à incapacidade de suportar a tolice, a ignorância, a burrice. um brinde à minha falta de prática com os sorrisos falsos. à minha incompetência pra suportar situações que não desejo. lugares que me contrariam. opiniões que não peço. vozes que não gostaria de ouvir. dois. um. eu danço sozinha por ter vomitado as pequenas gentilezas que me ofereceram. os favores recebidos de quem nunca pedi. eu danço sozinha e não estranho o silêncio no intervalo entre as músicas. a festa vazia não me surpreende. eu matei um por um. com meus olhares. gestos. com a saliva respingada dos meus berros. gritos. palavras certeiras como flechas. assassina, eu matei um por um. com minha ausência nas celebrações. com minha aversão a rituais. com meu isolamento. com minha falta. o meu não ir. com meu afastamento. danço e não espero mais ninguém pra girar debaixo das luzes coloridas. no ritmo da música da orquestra de vinil. foram todos mortos, os que já encheram o salão. um por um. aos poucos. por mim. sem arrependimento pelos crimes, não estranho o vazio. me contento com a solidão transformada em companhia. a ela estendo a minha mão e convido. dança comigo? com ela festejo minha estupidez. taça no lugar da pedra. um brinde. um giro. dois pra direita. um pra esquerda. dois. um. dois. um.
.
.
.

domingo, 7 de março de 2010

Meu bem que hoje me pede pra apagar a luz
E pôs meu frágil coração na cruz
No teu penoso altar particular

Sei lá, a tua ausência me causou o caos
No breu de hoje eu sinto que
O tempo da cura tornou a tristeza normal

E então, tu tome tento com meu coração
Não deixe ele vir na solidão
Encabulado por voltar a sós

Depois, que o que é confuso te deixar sorrir
Tu me devolva o que tirou daqui
Que o meu peito se abre e desata os nós

Se enfim, você um dia resolver mudar
Tirar meu pobre coração do altar
Me devolver, como se deve ser

Ou então, dizer que dele resolveu cuidar
Tirar da cruz e o canonizar
Digo faço melhor do que lhe parecer

Teu cais deve ficar em algum lugar assim
Tão longe quanto eu possa ver de mim
Onde ancoraste teu veleiro em flor

Sem mais, a vida vai passando no vazio
Estou com tudo a flutuar no rio esperando a resposta ao que chamo de amor.


Maria Gadú - Altar Particular







sexta-feira, 5 de março de 2010

Para o Homem da minha vida...

Não sei nem por onde começar, a minha única certeza é que vai ser difícil escrever esse desabafo que não chegará até você, mas que ficou dentro de mim por todos esses anos e talvez tenha chegado a hora de se libertar.
Eu lamento profundamente que seja assim, mas eu nunca consegui compreender a sua maneira de amar. Sei do seu caráter exemplar, sei da sua honestidade, sei da sua preocupação em me dar sempre o melhor, sei de muitas qualidades suas...no entanto, inúmeras vezes desejei trocar a boneca cara pelo beijo de boa noite, trocar todos os bens materiais que tínhamos pela sua simples presença, trocar qualquer coisa que eu tivesse por algo que pudesse preencher o meu vazio de “pai”.
Eu lamento profundamente a escassez de abraços entre nós, lamento nunca ter sentado no seu colo para ouvir histórias, lamento por todas as agruras que você passou e que te tornou essa pessoa sem doçura, mas lamento especialmente, por esse muro intransponível que existe na nossa relação quando se trata de demonstrações de afeto.
Pai, você nem imagina o quanto me dói admitir que os meus heróis foram sempre os pais das minhas amigas, e que tantas vezes eu já desejei que você fosse uma pessoa diferente, ou que ao menos os seus valores não fossem tão exacerbadamente inversos aos meus.
Mas hoje quando eu vi você dormindo, eu fiquei observando os traços enrugados do seu rosto, o embranquecido dos seus poucos cabelos, e senti uma tristeza infinita de pensar que já não tens a mesma vitalidade e que talvez a vida não se estenda muito pra você.
Percebi que já não anseio mais por mudanças, até porque não acredito isso ser possível ainda...E descobri que apesar de todas ás mágoas, ofensas desnecessárias, coisas mal resolvidas e doloridas pintadas na tela da nossa história, foi você que Deus escolheu para me dar a vida, e essa com certeza foi uma escolha que teve alguma razão de ser.
Quer saber pai, a vida não te fez lapidado e eu demorei muito pra digerir e aceitar isso, mas enfim consegui compreender que a falta de lapidações não exclui o seu valor. Você é meu diamante bruto e eu morro de medo de te ver partir dessa vida sem saber que eu te amo muito, para sempre e do jeito que for.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Para a mulher da minha vida...

'...Mas hey Mãe, por mais que a gente cresça, tem sempre alguma coisa que a gente não consegue entender...'
Humberto Gessinger



Por mais que eu me ache mulher, você sempre vai me ver como menina.
E essa menina tem trilhado vários caminhos, Mãe.
Alguns que me levarão para longe de você se eu continuar caminhando.
Mas Mãe, você nunca quis impedir os meus passos, embora você saiba para onde eles vão.
Você sabe qual a importância da minha caminhada, Mãe.
E sabe que quando eu vou pelo caminho errado, é pro teu colo que eu volto.
De tantas vezes que eu chorei meus erros embaixo do teu cafuné
E de tantas outras vezes, que sem saber o que dizer,
Você me fazia um chá ou um café pra me acalmar as dores da alma.
Mãe, você mais do que ninguém sabe o quanto eu sou teimosa
E do quanto posso ser insistente com as coisas que quero, com as decisões que eu tomo.
Essa inquietação que você tem notado, é a certeza de que eu não quero desistir, Mãe!
Não dessa vez.
Eu preciso encontrar esse caminho, eu preciso chegar nesse destino, eu preciso não fracassar dessa vez.
Você sabe que eu sonho demais, mas não sei como planejar esses sonhos.
Eu crio esse mundo de palavras, deduzindo o que posso ser, se eu tentar ser quem sou
Ou que eu ainda posso ser.
Eu sei que eu posso chegar lá, se dessa vez eu não olhar pras minhas próprias pegadas.
Me ensina, Mãe!
Me ensina como eu posso chegar, como eu posso alcançar.
Me estende a tua mão quando eu cair, mesmo que eu, orgulhosa, diga que não preciso da tua ajuda.
Você sabe que eu preciso, Mãe! E sabe do quanto eu preciso, porque mesmo que eu não admita, vou precisar sempre!
Diz aquilo que eu preciso ouvir, mesmo que eu finja não escutar.
E me mostre que se eu sou a mulher que eu penso que sou, é só por causa da menina que você vê em mim.

Mãe, eu tenho andado por caminhos que eu nem sei pra onde vão
Mas se me levarem pra longe de você, saiba que eu volto.
É pro teu colo que eu sempre volto, Mãe!
Com um rio de lágrimas ou de risos...



'...Mas agora lá fora, o mundo todo ainda parece uma ilha...'

quarta-feira, 3 de março de 2010

...

"Paixão é uma infinidade de ilusões que serve de analgésico para a alma. As paixões são como ventanias que enfurnam as velas dos navios, fazendo-os navegar; outras vezes podem fazê-los naufragar, mas se não fossem elas, não haveriam viagens nem aventuras nem novas descobertas."

(Voltaire)




Hum...


Faz tanto sentido, Voltaire! =)

segunda-feira, 1 de março de 2010

Das lembranças que volta e meia voltam...

E talvez eu tenha me pegado diversas vezes a pensar em você. Você que já não faz mais parte da minha vida, faz tempo. Da minha vida, repito, não de mim. E também me pergunto diariamente porque. Porque DEUS? Se tudo já passou, já terminou, já findou e em mim é como se nunca tivesse acabado? Os dias passaram, os anos, o tempo e dentro de mim é como se esse mesmo tempo tivesse estabilizado. Quando que eu vou conseguir me libertar de você? desse sentimento que já não me faz mais bem, que atrapalha o meu relacionamento com outras pessoas, que atrapalha a minha vida. Porque toda vez que eu começo a tentar tudo de novo você vem e pufff estraga tudo? Não você fisicamente falando, porque, de fato, você não veio. Aliás eu nunca soube responder se você veio um dia. De coração aberto, com vontade de viver, de ser feliz. Eu nunca soube dizer se você foi meu de verdade. Talvez não. Se tivesse sido teria voltado.E esse estrago todo teria sido poupado. E todo esse sofrimento não existiria. Mas falo das lembranças de você. Sinceramente eu não gostaria de ter tantas lembranças boas. Tantos momentos "PERFEITOS". Tantos pequenos gestos que significaram muito, pelo menos pra mim.Eu gostaria que essas lembranças volta e meia não voltassem. Porque elas insistem em ficar. Insistem em pertubar minha mente já tão causada e fragilizada. Porque você se mostrou tão perfeito? porque você colocou essa máscara? porque me disse tantas coisas lindas? porque me fizeste tantas promessas? porque me fizeste sonhar? porque, porque, porque...Vês? tudo começa com um "PORQUE". e a minha vida não passa de porquês mal respondidos.Mal interpretados, interrompidos, mudos.Se era pra impressionar ou me deixar morta de apaixonada PARABÉNS!!! você conseguiu. Com todos os méritos e aplausos! Você era meu tudo. Minha chance de ser feliz nessa vida. Meu sonho que não virou realidade. Meu Deus como você me dói de vez em quando. Como eu não consigo afastar esses pensamentos.Ainda. talvez nunca consiga. Talvez porque eu não queira me desfazer deles. Porque eles me remetem á uma etapa da vida da qual nunca queria que tivesse acabado. Se fosse possível escolher uma época da vida para ficar vivendo a todo instante eu escolheria a que vocÊ esteve. Porque foi nesse tempo que descobri o amor. Mas amor de verdade, genuíno, puro, desinteressado. Amor de gratis como diz uma amiga. E penso que toda forma de amar deveria ser "de gratis" mesmo e o é de fato. Quem ama de verdade não quer nada em troca. Dar sem receber e não reclamar. Meio que um dom divino. Difícil nos tempos de agora. E você teve tudo isso nas mãos. Você deveria se orgulhar disso. Mas não! eu tenho certeza que você já fez questão de esquecer. Que agora neste momento outra pessoa deve tá falando baixinho no teu ouvido as mesmas coisas que eu disse. Mas não com a mesma veracidade e vontade de que tudo desse mesmo certo. E eu posso afirmar isso com toda certeza que existe em meu ser. Não haverá mulher nesse mundo que poderá te dar amor maior do que te dei. Elas vão até tentar, Você pode até procurar mas não vai achar. E isso até me dá uma certa conformação. A sua outra metade está aqui(lembra do colar?). Do outro lado do atlântico. Esperando você mandar um sinal, uma aceno, sinal de fumaça qualquer coisa. Se isso acontecesse mesmo eu não pensaria duas vezes . Largaria tudo e todos e ia correndo pros teus braços. Porque em meio a tantas dúvidas e porquês eu só tenho uma certeza: a de que eu só serei feliz plenamente se for ao teu lado. Mas não! ACORDA GAROTA! isso nunca irá acontecer.


FIM.


"Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina
que era a felicidade.
A felicidade sempre iria ser clandestina para mim.
Parece que eu já pressentia.
Como demorei! Eu vivia no ar...
Havia orgulho e pudor em mim.
Eu era uma rainha delicada."

Felicidade Clandestina - Clarice Lispector