quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Permitir-se






"Intimidade é quando a vida da gente relaxa diante de outra vida e respira macio.
 Não há porque se defender de coisa alguma 
nem porque se esforçar para o que quer que seja. 
O coração pode espalhar os seus brinquedos.
 Cantar a música que cada instante compõe. 
Bordar cada encontro com as linhas do seu próprio novelo. 
Contar as paisagens que vê enquanto cria o caminho. 
Andar descalço, sem medo de ferir os pés."
Ana  Jácomo



Eu deixo que teu canto me cale e encha de voz meu coração. Quero que todas as palavras dos teus olhos me ensinem que o sentido das coisas pode ser maior quando a gente se perde de tanto amar. Eu deixo que a leveza das tuas mãos me revelem os caminhos, que podem me levar tão profundamente como jamais pude ir no interior de mim mesma. E me permito ser vista por ti, em toda minha essência e fragilidade, para que me sintas inteira e só possas me querer desta forma. E me deixo sentir o máximo de tudo que pode agüentar meu peito. E encho meus ouvidos do som da tua voz, deixando-a ecoar, semeando minha mente e invadindo minha razão pela tua, para que sejas em mim tanto quanto eu mesma sou. E me deixo ir além, e querer-te assim, visceralmente, como o pássaro deseja a imensidão do céu, ou a Lua que não pode brilhar sem a luz do Sol. Não sou sem ti senão apenas a sombra de mim mesma, e em meu gesto está o teu, assim como a pele que me veste e o ar que me mantém viva. Eu me calo para que ressones e entrego a luz dos meus olhos a ti para que te mantenhas aquecido. E sigo ao teu lado, "como encantada", feliz e serena. Porque sou pequena demais, meu amor, quando não estou em teus braços.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Caro você




A sua existência não decide guerras, mas certamente torna a batalha mais justa, juntando-se a você aqueles que crêem na felicidade como conquista diária, oriunda da labuta na construção de si e da ciência da importância do outro na arquitetura da vida.

Meu caro você, não há dinheiro que compre a sua essência, pelo simples fato de que certas coisas não estão à venda, tampouco são vendadas, apenas para adiar sofrimento. E o que mais me impressiona em você é a sutileza, apesar da crueza, das tempestades, dos tombos. Apesar do peso das dolências e também de como, vez ou outra, somos desacreditados por aqueles que estão sempre a debochar da benfeitoria. Como se estivesse fora de moda ser verdadeiro. Démodé.

A vida não se agarra à sua existência, mas certamente se perfuma com ela, e sai por aí em busca de outras que sejam tão preciosas ao equilíbrio da sua jornada. Existência que é sua, mas não é perfeita. Porque, meu caro você, não se trata de perfeição projetada ao gosto de uns e outros. Trata-se apenas de levar a vida da melhor maneira possível, sem usar o outro como escudo, ou dedicar aos inocentes as próprias culpas.
É a vida sendo vivida.

A vida não gira em torno da sua existência, mas certamente se enfeita com ela, deslumbrando transeuntes, deixando-os embevecidos com a sua presença. E os poetas que tentaram, ainda não conseguiram dizê-lo com rebuscadas palavras, em versos que o alcançassem.






domingo, 15 de janeiro de 2012

Para uns olhos

"Foi assim como ver o mar, 
a primeira vez que os meus olhos
se viram no seu olhar."

Todo Azul do mar - Flávio Venturini




E fico olhando para ti, para esses olhos que foram feitos de faíscas do Big Bang, mas que aqui na Terra têm o dom de serenizar tudo que tocam.
Olho para uns olhos que destituem a paz de dentro de mim. Que me fazem sentir intensamente viva e pulsante.
Olho para uns olhos que me fazem arder a ponto de sublimar todo o meu corpo.
São uns olhos suaves, daqueles que sabem fazer vazar parte dos pensamentos por suas órbitas para nos desvirtuarem de qualquer coisa que possa nos distrair. E são doces, doces! Dois cálices de mel incrustados numa face de anjo. Adornados por esse sorriso de sol, rasgando triunfante a madrugada, esse sorriso de lua clara crescente, reinando absoluto no infinito do cosmo.
São uns olhos compenetrados e um tanto tristes mas meigos. De uma ternura demasiada e constante, dos que conservam absoluta beleza até no cerrar das pálpebras.
São lindos demais os teus olhos!
E mirá-los, para mim, que andava meio de lado das utopias da vida, é a redescoberta do mais inesperado sonho: o de poder sonhar sem temer. De poder me lançar do precipício e cair exata nos teus braços, inteira e totalmente entregue. E permitir ao meu coração que ele bata desenfreado o quanto quiser.
O sonho de querer alguém a ponto de existir como se não houvesse caminhos pra seguir ou regressar.
A profundidade luminosa do teu olhar é a coisa mais simples e bela que já pude observar em anos. E o tempo inteiro do mundo se reverte em segundos quando a luz da tua íris límpida toca e se faz refletir na superfície da minha pupila maravilhada.
É como se não existisse mais nada ao redor.
E continuarei a fitar teus olhos soberanos que brilham imóveis dentro de mim.
E a vida se abre numa imensidão tão infinita quanto esse brilho, quanto esse sentimento cego e louco que agora me devasta para reconstruir, átomo por átomo, fibra por fibra, sonho por sonho, aquela que sou de verdade.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Nada melhor que estrear o primeiro post de 2012 falando do que me move, me enobrece, me humaniza, me sustenta em seus braços, me pega pela mão e diz: "vem comigo!".  Nada melhor do que começar esse ano com ele no pensamento, no coração, na bagagem. Somente ele e por ele eu desfaço os nós, recomeço, reinvento, renasço das cinzas. Ele que é causa e consequência. Ele que me fez chegar até aqui com um extenso histórico de tombos, de quedas, rasteiras que ele mesmo se encarregará de curar e que apesar disso me faz acreditar mais e mais no seu poder de transformação, no seu poder de fazer os sentimentos bons circularem, serem recíprocos. Ele que mais uma vez me provou que estou pronta pra vida, que estou  inteira, intensa, completa, que estou pro que der e vier sem receios de errar. Porque se eu errar, eu não estarei sozinha, estarei de braços dados com ele que é a razão de tudo que eu sou, que me orienta, me guia e me faz pulsar. Ele nos seus vários tons, nas suas diversas formas, fôrmas e aromas, vozes, causas e sintomas: o amor.