"Intimidade é quando a vida da gente relaxa diante de outra vida e respira macio.
Não há porque se defender de coisa alguma
nem porque se esforçar para o que quer que seja.
O coração pode espalhar os seus brinquedos.
Cantar a música que cada instante compõe.
Bordar cada encontro com as linhas do seu próprio novelo.
Contar as paisagens que vê enquanto cria o caminho.
Andar descalço, sem medo de ferir os pés."
Ana Jácomo
Eu deixo que teu canto me cale e encha de voz meu coração. Quero que todas as palavras dos teus olhos me ensinem que o sentido das coisas pode ser maior quando a gente se perde de tanto amar. Eu deixo que a leveza das tuas mãos me revelem os caminhos, que podem me levar tão profundamente como jamais pude ir no interior de mim mesma. E me permito ser vista por ti, em toda minha essência e fragilidade, para que me sintas inteira e só possas me querer desta forma. E me deixo sentir o máximo de tudo que pode agüentar meu peito. E encho meus ouvidos do som da tua voz, deixando-a ecoar, semeando minha mente e invadindo minha razão pela tua, para que sejas em mim tanto quanto eu mesma sou. E me deixo ir além, e querer-te assim, visceralmente, como o pássaro deseja a imensidão do céu, ou a Lua que não pode brilhar sem a luz do Sol. Não sou sem ti senão apenas a sombra de mim mesma, e em meu gesto está o teu, assim como a pele que me veste e o ar que me mantém viva. Eu me calo para que ressones e entrego a luz dos meus olhos a ti para que te mantenhas aquecido. E sigo ao teu lado, "como encantada", feliz e serena. Porque sou pequena demais, meu amor, quando não estou em teus braços.