sexta-feira, 24 de dezembro de 2010




Vamos amar mais, para perder menos tempo com joguinhos. Para vencer o medo, para dizer o que tiver que ser dito, mas não em outro idioma. Por favor, chega de tanto tentar salvar nossa pele. Já sabemos, ela alcançará seu fim. Salvemos, antes, nossa alma da ruína, desse excesso de gestos comedidos, do medo, da solidão, do não sentir.
Porque fugir é instintivo, e é biologicamente tão mais fácil e provável.
Ficar é escolha.
Que haja mais amor e menos covardia nas nossas escolhas.
Porque é preciso ter os gestos que reconstroem vidas.
E ser semente que germina para multiplicar.
Eternizar os instantes.
Perceber a beleza escondida, os pequenos milagres, as pequenas felicidades. Reconhecer o essencial.
Este ano espera para se fazer novo,
Há que se abraçar os sonhos, os valores, os ideais.
E ir a luta, sacro-ofício de cada dia, concretizar os sonhos, fazer o amor florecer nos gestos, viver o que se grita.
Porque há muito barulho, muitas luzes, muita embriaguês e muitas oferendas
Mas o livro da vida tem as páginas em branco e é ele que espera.
Há muito o que celebrar,
E há tanto mais por fazer.
2011 nos espera...
Vamboraaaa!


quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Bóreas

  
"E quando o nó cegar
Deixa desatar em nós
Solta a prosa presa
A luz acesa
Já se abre um sol em mim maior
[Eu sinto que sei que sou um tanto bem maior] ".

 

O Teatro Mágico - Pena




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Sou assim, variável e instável como o vento solar.
E que todo esse colorido, esse brilho difuso, que emana do meu sorriso não te engane.
É coisa que se observa nos céus noturnos próximos a zonas polares, não passa de fenômeno óptico: aurora polar, aurora boreal, aurora austral.
Aurora: Deusa romana do amanhecer.
Bóreas: Titã representante dos ventos.
É mesmo místico: são os ventos solares, e seus impactos no campo magnético da terra que a produzem.
E todas essas explosões nucleares na minha superfície, eu sei, é o meu caos originando o cosmo. Explode. Expande. Propaga toda essa luz.
Serei eu, aurorecida.

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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Estrela de Rua


"Um bom poema é aquele que
nos dá a impressão de que 
está lendo a gente,
e não a gente à ele"
Mário Quintana 





Meus caros,
Hoje vou deixá-los em ótima companhia.Tenho absoluta certeza de que esse pequeno poema vai tocá-los tanto quanto tocou a mim. Trata-se de Simone Guimarães imitando - no estilo do poema e na voz - nada mais, nada menos que Cora Coralina. Sim, sim meus queridos! Simone sabe imitar qualquer tipo de som e faz isso com maestria. Ouçam e sintam:



sexta-feira, 3 de dezembro de 2010


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Ah, silêncio latente que se torna ensurdecedor para mim. Depois de dias distante do mundo ideal, que nem de longe é este mundo real aqui, me reporto para lá como que em busca de mim mesma ou de parte de mim que fica aí ou ali, em qualquer canto, jogada, esquecida, perdida. Nem mesmo a voz que insiste em falar aqui dentro é capaz de sossegar esse meu lado meio medroso de ser. Tenho receio de muitas coisas e essas pessoas medrosas, tanto quanto eu, que insistem em atravessar meu caminho, são reflexos de um espelho quebrado meu. Vão passando, vou reconhecendo, vou sentindo e trazendo pro meu lado, pois como já disse o poeta Rilke, "o amor são duas solidões protegendo uma a outra". Majestosos fenômenos esses de reconhecer cores reais que estão no outro. Desde a aura, passando pelo enigma que há por trás de um olhar, o ruído de um sorriso ou simplesmente o calar, porque em silêncio tudo se mostra verdadeiro. É no silêncio que as fadas saem de dentro de nós e tilintam pós mágicos pelos ares, iluminando a noite escura de nossas almas, nos revelando nus e crus aos olhares curiosos e sedentos por saberem o que há por detrás das máscaras de nossa própria indulgência. É no silêncio que as cores reais de cada um tomam forma. Falamos e ouvimos com as batidas ritmadas do coração. O silêncio é o novo barulho, o silêncio é o novo poema que a vida insiste em recitar, o meu silêncio é queimação visceral. Me conduz e fala por mim. E, por isso, eu me calo.


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