sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Para meu tesouro mais precioso

Vossos filhos não são vossos filhos. São os filhos e filhas do desejo da Vida por si mesma. Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas.'
[Khalil Gibran]





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- Quero te contar que a vida é uma caixa aberta. De jóias. E que o tempo marca a pele com ranhuras de verdade e fantasia. Que a vida é filha de cada momento. Tem marmelada, coisa feia, coisa bonita e engraçada, também tem. Tem verdade e mentira. Tem palhaço e maquiagem. Maquiagem que sai com água e choro que sai com o tempo. É consolo, eu sei, sorri então. Meu cuidar é pra ter seu sorriso. Plantei uma semente iluminada no teu peito e sei que irá crescer e se multiplicar mais e mais a cada minuto de cada dia da tua precisosa existência.
Te amo, filha! Te quero feliz! Sempre e sempre...

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sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Bem que ele podia chegar e desenhar sonhos na minha pele.
É que meu corpo quer ser para ele segurança e liberdade,
Para que de todos os lugares que ele pudesse estar,
só sentisse pertencer a um,
E ali escolhesse ficar.

Aconchegar o corpo sobre o meu,
só pra partilhar dos sonhos que projetou em mim,
Tão nossos.
E por vezes o tempo parasse, assim:

Meus dedos desenhando caminhos nas tuas costas,
Minhas mãos perdidas no castanho de teus cabelos.
Nossos olhos traríamos fechados,
porque o céu vai acastanhando é dentro,
luz do mel ao sol.

A alma agradecida e agraciada.
Reluz.
Enquanto tua barba-por-fazer ara minha pele,
E tua boca de ventos úmidos e quentes muda a direção dos meus pêlos,

Arraigados em tantos arrepios.
Tua respiração pontua frases, de íntimas levezas, poeirinha de estrela,
que sem caber na voz, acende o olhar.

Das ancestrais sedes que trazes,
meus lábios, fonte.
Tua boca bebendo na minha o frescor da minha linguagem.
Já tão tua.
Os corpos banhados de mar.
Meu olhar se pondo no seu.

A noite pousa suave sobre o céu,
E minha cabeça encontra repouso sobre teu peito.
Aconchegado assim, meu corpo se sabe pleno na circunferência de teu abraço.

Feito reflexo de lua azul no mar,
completudinalidades.
E com as pontas dos dedos ligo os sinais do teu corpo, uns aos outros, descobrindo constelações, batizando estrelas.

É que encontrei o caminho de casa
e não quero me perder nunca mais.


quarta-feira, 12 de janeiro de 2011


minha água calma, refletindo os dias como fotografias. 
parada na monotonia do tempo. 
rio sem movimento. 
morta, até sua pedra. 
sua brincadeira inocente de criança medindo a força que tem. 
pedaço de nada atirado de longe. 
lasca de rocha, transformando o sossego em caos. 
criando ondas aparentemente inofensivas 
mas, metros depois, capazes de engolir a areia. 
sumir com a praia. quebrar os muros. 
interditar as ruas como ressaca. 
marolas alimentadas a ponto de inundar a cidade. 
destruir o que estava firme. 
arrebentar as bases do que parecia inatingível. 
minha água parada, como espelho de um céu calmo,
até sua pedra jogada. 
sua brincadeira de menino 
que não sabe a força 
que tem.