quinta-feira, 31 de maio de 2012


"O sabor está nas passagens. O definitivo é cansativo demais. (...) Tudo que não muda nos condena, nos condiciona. O bom da vida é saber que passa. Um fim de tarde com toda a sua beleza não cabe no tempo. E por isso ele se vai. (...) A beleza está nos intervalos, nos espaços de luz em que a sombra já se mostra." 

(Pe. Fábio de Melo - Mulheres de Aço e de Flores) 


Fé nunca falta na vida dela. Ela acredita, desde que se entende por gente. E segue a vida apostando, vibrando e sentindo. E é por sua fé que ela vê nas entrelinhas. Que ela entende que os caminhos não se cruzam por acaso. Que a vida é mestre. E que as chances de fazer diferente – e melhor, e mais bonito – existem em cada esquina que se dobra. Basta estar atento a elas. E ela anda cada vez mais observadora. Com o coração cada vez mais aberto. Com a alma leve. Leve pela alegria, pelo amor, pela renovação e pela certeza de que sua fé nunca falha. E mais uma vez ela comprova a mágica da vida através de Deus. Através dos seus. Por meio dos presentes diários que recebe e pela maravilha de sentir seu coração vibrar de novo. Sem medos. Só pela fé. A sua fé. 

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Outonar



Eu outono
Tu outonas
Ela outona
Nós outonamos
Vós outonais
Elas outonam.






Certas árvores recolhem a seiva no outono,
sorvem de si o essencial e deixam ir o que caducou.
Ficam mais quietas e caladas,
metidas consigo, no interior do tronco e dos ramos.
Certas árvores sacodem dos ombros 
os pesos mortos e agradecem ao vento e tempestades 
a gentileza de lhes levar o que já não serve.
Ficam mais leves e mais limpas,
para renascer quando for tempo.

Certas árvores preservam a vida assim,
morrendo.

quarta-feira, 16 de maio de 2012


O amor
Por Adélia Prado

“A experiência amorosa exige sacrifício. Não se ama para ser  recompensado. O amor é sua própria recompensa. Não resisto em citar Drummond falando da poesia coisa parecida: “Poesia, o perfume que exalas é tua justificação”. Não há amor fácil, mas todo amor é maravilha, saúde, “remédio contra a loucura”, coisa que Guimarães Rosa ensinou. É a experiência humana mais exigente. Não é contrato, troca de favores, investimento, é entrega  e compromisso. Do “sacrifício” de amar nasce a mais perfeita alegria. Ninguém faz cara feia quando se sacrifica por amor. Não se trata de anulação, subserviência de quem ama, trata-se da morte do ego, tarefa a ser feita até o último suspiro.”

(Depoimento dado à Revista Lola Magazine – Outubro/10)