quarta-feira, 17 de março de 2010

Amor-amuleto

Abraços macios, bancos, conversas sem fim, olhares mudos que escancaravam a alma, meios sorrisos, mãos sobre mãos, cabeça no ombro, olhar estrelas, relembrar o passado, a gargalhada dela, a maneira como só ele sabia olhar e que a deixava nervosa, o cheiro que ele tinha e que já era dela também, o jeito de flor que descobriu nela, e o céu que fotografava os instantes montando um álbum de fotografias eternas de um sentimento que o universo compartilhava.

De vez em quando, enquanto ela se distraia com a lua, ele a observava, imerso em seus devaneios. E só então entendia, com certa perfeição de quem sente, o que o Pequeno Príncipe uma vez dissera:

"Se alguém ama uma flor da qual só existe um exemplar em milhões e milhões de estrelas, isso basta para que seja feliz quando a contempla."

Era contentamento. A precisão como seus sonhos se cruzavam durante todos os segundos, e o bem tratar dele para com ela como sendo a mais preciosa de seu jardim, evidenciava a inocência e leveza que carregava consigo.

- Sabe quando a gente é criança e começa a descobrir o mundo?

Ela lembrava.

- A gente se espanta... Fica observando extasiado e se encanta a cada instante.

E nessa hora, a alma dela se tornava pueril e suave. A meninice brincava outra vez naqueles olhos castanhos, e chegava ao encontro dele.

- É assim que me sinto ao te olhar. Você é engraçada. É minha descoberta de todos os dias. Meu mundo de essências.

Bastavam um ao outro. Apaixonavam-se por palavras. Ela mais.

- Você vem?
- Contigo, sempre.

E ainda que vago, a estrada não importava. A certeza da companhia lhes proporcionava coragens infindas.

- Escolhe o destino, e me espera.

Se uniam por sentimentos gêmeos e intangíveis. A cada pedaço que ela o possibilitava conhecer, a cada mistério que ele se permitia desvendar.

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