sábado, 29 de outubro de 2011

Olhar de dentro


Essa gana por ser necessário. Olhar nos olhos do outro e ver a si mesmo: âncora, abraço condimentado de afeto. Querer a si reinventado na história que não sua. Surrupiar sorrisos que não lhe cabem. Viver o pulso do outro. O ritmo alheio. E neste ínterim, falsificar buquês de ousadias, através de vivências afanadas de livros de filosofia. Incandescer a gélida fração de mágoa que lhe custou anos de solidão copiosa e saudade do desconhecido. E no fundo: enviuvar dos relâmpagos. Engravidar das ideias. Suicidar mesquinharias. Abortar rótulos. Dar longos beijos de língua em amores platônicos, reinventar-se, após se dar conta que não se é o outro, mas com ele aprendeu a reconhecer a si mesmo.

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