domingo, 9 de outubro de 2011

Carência


Careço da palavra sussurrada, das manhãs cinzas conduzidas à base de filmes e pipoca, da mão estendida à espera do cumprimento, dos discos que um dia foram imprescindíveis, não apenas colecionáveis. E chapéus. Sou pessoa apaixonada por chapéus e que raramente os usa. Careço de ser capaz de usar chapéus, de dançar nas ruas com meus chapéus coloridos. De ser a moça doida dos chapéus engraçados.

Careço da presença que não me culpe pelas culpas que já reconheço em mim. E que ela saiba fazer café, porque ainda não sei viver sem. Um dia aprendo... quem sabe. E de cortinas se abrindo no teatro, das telas de cinema, e de frases de efeito que só fazem efeito na gente quando ditas com o gosto bom do sentimento verdadeiro.

Acontece de eu carecer de mim mesma, porque às vezes me desabito, saio de mim e nem me olho de fora, apenas me afasto e o mundo segue sem me perceber arredia, à beira da vida, simulando frieza que não sei sentir.

E do que mais careço é da gentileza. Soubéssemos todos do poder de transformação que ela outorga, talvez fosse possível vivermos o estar em paz com a vida que levamos.

Careço dessa leveza... e da canção.


2 comentários:

  1. Gi, que carência sincera essa que você descreve aqui, ela nos comove e nos torna cúmplices de sua carência, carentes com você [sorrio]. Abraço! Linda canção!

    “Que a escrita me sirva como arma contra o silêncio em vida, pois terei a morte inteira para silenciar um dia” (Jefhcardoso)

    Convido para leia e comente o meu blog http://jefhcardoso.blogspot.com

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  2. Gi, fico muito feliz que tenha gostado de meu blog. Você foi muito gentil em seu comentário, direi para a Ana sobre seu elogio e tenho certeza que ela adorará. Aliás, elogiou nos dois num comentário só [sorrio]. Obrigado, linda!

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