sexta-feira, 4 de outubro de 2013








Nos últimos dias, ao tempo em que a primavera chegava e o frio se despedia, as lembranças se acirraram. Não só (e propriamente) porque se aproxima a data em que parti para uma nova vida, mas, sobretudo, porque flores, cores e dias lindos de sol me dão a certeza de continuidade e permanência.

Na semana que passou, entre flores, saudades e raios de sol, andava à procura de algumas horas livres pra ler um bom livro, disparadamente (e para o estranhamento de muitos) minha maior diversão. 

Assim que a rotina permitiu, fugi pra um lugar tranquilo e comecei a devorar a nova obra de Leila Ferreira, cujo título, “Viver não dói”, me pareceu bem pertinente. Lá pelas tantas folhas, me deparei com algumas poucas palavras que, juntas, definem exatamente essa sensação de permanência, que nem a morte parece ser capaz de apagar. 

Está lá, na página 175 do livro, estampada com todas as letras: memória é “um lugar sagrado onde os sentimentos não têm data para existir e a nitidez das imagens costuma ser bem maior do que as fotografias”.

À definição perfeita de Leila, permito-me (humildemente) acrescentar que a memória é o que mantém incólume a nossa essência. E é, ainda, o que nos dá alguma certeza e segurança nessa vida. Porque, para além das mudanças e turbulências que o tempo invariavelmente traz, a memória está sempre ali, pronta a nos reportar ao lugar de onde viemos, àquilo que realmente somos. Nos dias em que o chão nos falta, é ela quem, gentilmente, nos leva de volta pra casa.

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