sexta-feira, 2 de março de 2012

Ruminação


Deixar-se à mercê do significado literal de mastigar.
Mastigar a vida.
Alimentar-se dela.
Mastigar os sentimentos.
Alimentar-se deles.
Mas de um jeito tão silencioso,
porque não deseja dividir a trilha sonora
com desconhecidos nada interessados em conhecer o "mais de dentro" do outro.
Ruminar somente com conhecidos de alma;
com aqueles que se permitem exorcizar tragédias pessoais.
Das pequenininhas às devastadoras.
E dos que riem do outro, mas sem ofender ao próximo.
Dos que fazem certo charme,
mas ficam por perto e confidenciam que, às vezes,
cultivam fetiche pela felicidade.
Ruminando lonjuras quando tudo o que se quer
– com o desespero dos silentes -
é aquele abraço.
Nenhum outro.
Nem ninguém.
E daí fazer bico,
chutar parede que é pra doer mais o dedo do pé do que a alma
Que deixou de querer ser amante da solidão enraizada.
E então de uma hora para outra,
deu-se conta de que depois de um tempo
- que nem dá pra contar -
o coração deixou a aridez de lado
e convidou a paixão pra dançar.
Matando a sede de viço.
De vida.
Dando de comer ao amor.
E às danças: pés descalços tocando o assoalho.


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